quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O que é um transtorno alimentar?



por Antonio Leandro Nascimento
www.abpcomunidade.org.br

Transtornos alimentares são doenças que causam graves alterações na maneira como as pessoas comem e nos pensamentos e sentimentos relacionados à alimentação.
As pessoas que têm transtornos alimentares geralmente preocupam-se de maneira exagerada com a alimentação, com seu peso e forma corporal. Os transtornos alimentares afetam principalmente mulheres de 12 a 35 anos de idade, porém também podem ocorrer em mulheres de outras faixas etárias e em homens. Os dois tipos principais de transtorno alimentar são a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa.
As pessoas que apresentam Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa tendem a ser extremamente críticas sobre seus corpos. Elas geralmente sentem-se gordas, mesmo que estejam muito emagrecidas e desnutridas. Elas também podem apresentar medo intenso de engordar e isto pode afetar todas as suas atividades. Frequentemente, os portadores de transtornos alimentares não reconhecem que têm um problema de saúde.
Em alguns casos, os transtornos alimentares estão relacionados a outros transtornos e problemas psiquiátricos, como a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo e o abuso de álcool ou outras drogas. As pesquisas realizadas até o momento sugerem que há traços hereditários nos transtornos alimentares, porém estas doenças também podem aparecer em famílias que não apresentam nenhum outro caso de transtorno alimentar. Sem o tratamento correto, os pacientes podem desenvolver problemas nutricionais, dentários e cardíacos, alguns deles potencialmente fatais. Entretanto, o tratamento psiquiátrico pode proporcionar a estas pessoas o retorno a hábitos alimentares saudáveis e a um estado de saúde física e emocional.

Tratamento

O tratamento dos transtornos alimentares envolve a participação de diversos profissionais, com diversas técnicas. Habitualmente, o tratamento envolve o atendimento médico realizado por psiquiatras, com prescrição de medicamentos e psicoterapia e também por outros especialistas, como endocrinologistas, nutricionistas e psicólogos, que auxiliarão o paciente a recuperar os hábitos alimentares saudáveis. Através do tratamento adequado, os indivíduos portadores de um transtorno alimentar podem recuperar seu bem-estar e sua autoestima sem que o peso e a forma corporal sejam os valores mais importantes da sua vida.

Anorexia Nervosa

A Anorexia Nervosa afeta cerca de 0,51% das mulheres jovens. Este transtorno é diagnosticado quando as pacientes apresentam um medo constante de engordar, mesmo estando com um peso abaixo do normal. Com isso, as alterações de comportamento apresentadas por essas mulheres podem envolver a restrição alimentar extrema ou o uso de medidas para compensar as poucas calorias ingeridas através da alimentação, seja através da alimentação, seja através de exercícios exagerados, de vômitos forçados ou uso de laxantes.
A restrição alimentar pode causar alguns efeitos danosos ao corpo, tais como:

*Interrupção da menstruação

*Osteopenia ou osteoporose

*Alterações no aspecto das unhas e do cabelo

*Pele seca

*Anemia

*Constipação (dificuldade para evacuar)

*Redução da pressão arterial

*Queda da temperatura do corpo

*Desnutrição

*Depressão e letargia


Bulimia Nervosa

A Bulimia Nervosa é caracterizada por episódios em que a pessoa come, em um curto período de tempo, uma quantidade muito grande de comida, superior a que uma pessoa de mesma idade, constituição e peso comeria, por vezes engolindo sem mastigar, sem saborear, misturando diversos tipos de alimentos ou ainda comendo comida gelada. Estes episódios normalmente são interrompidos pela chegada de outra pessoa, ou quando o paciente fica tão exausto que dorme cansado de tanto comer, ou ainda quando o estômago, de tão distendido, começa a doer. Depois destes episódios de exagero alimentar, os portadores de Bulimia Nervosa costuma realizar episódios de compensação para tentar evitar o ganho de peso, como provocar vômitos ou usar um laxante. Estes comportamentos normalmente ocorrem fora das vistas de outras pessoas, pois costumam causar vergonha de desconforto e não costumam ser notados até que se tornem tão frequentes que causem um prejuízo significativo à vida da pessoa.
A Bulimia Nervosa também pode causar alterações físicas:

*Garganta constantemente inflamada

*Aumento do volume das glândulas parótidas, localizadas no pescoço.

*Alterações no esmalte dos dentes causadas pelo ácido contido nas secreções do estômago, tornando os dentes amarelados

*Halitose ("mau hálito")

*Problemas intestinais pelo uso exagerado de laxantes

*Problemas renais causados pelo uso de diuréticos
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica CRP 08/10847
Psicologia do Emagrecimento - Rafcal

O SEXO NÃO É INÓCUO



por Betty Milan
www.veja.com/bettymilan


"A possibilidade de nos satisfazermos sexualmente era o que mais desejávamos. E, sendo jovens, além de revolucionários, não conseguíamos avaliar o lado negativo do nosso culto ao Deus gozo"


Lembro sem saudade de maio de 68 que Paris exportava e nós, paulistas, secundávamos na Universidade de São Paulo, mais precisamente na Rua Maria Antônia, onde tomamos as salas de aula para os nossos propósitos libertários e o sexo rolava solto. Aquele maio não foi só uma festa, foi também o tempo do aborto clandestino e da doença venérea que o ginecologista diagnosticava dando graças aos céus que a penicilina existia: "Comece a tomar imediatamente."
Nós endeusávamos o gozo, como os hebreus endeusavam o bezerro de ouro. Éramos contrários ao materialismo, mas servos do sexo e do êxtase que ele nos propiciava. Sem saber, confundíamos o apego ao gozo com a liberdade. Não sabíamos nem queríamos saber, já que, depois de séculos de repressão, a liberação sexual era urgente. Nós éramos "revolucionários", e nenhuma consideração contrária aos nossos propósitos nos interessava.
A possibilidade de nos satisfazermos sexualmente como bem entendêssemos era o que mais desejávamos. E, sendo jovens, além de revolucionários, não estávamos em condições de avaliar o lado negativo do nosso culto ao Deus gozo, que nem a aids conseguiu abalar. Raros foram os que adotaram logo as medidas preventivas recomendadas e muitos os que fizeram pouco delas, inclusive médicos e psicanalistas. Testemunhei o descaso com horror.
O sexo não é inócuo, não é propriamente um cordeirinho do bom pastor, e a liberdade conquistada nos anos 60 impõe o "não" ao outro e a si mesmo. Quer dizer, para que a sexualidade não seja uma negação da vida, a liberdade impõe a contenção. Quando não há mais proibição externa, cabe a cada um colocar o limite para o outro e para si. Não é fácil, porque não somos educados para nos conter. Pelo contrário, a sociedade em que vivemos incita à desmesura. O que é o problema da obesidade, a que estamos cada vez mais expostos, senão uma doença da sociedade de consumo? Nos Estados Unidos, ela é hoje uma questão social grave.
O controle da pulsão, a gente aprende na infância. A propósito disso, Montaigne escreveu nos Ensaios: "(...) os nossos maiores vícios se originam na mais tenra infância e a orientação do nosso caráter está principalmente nas mãos da babá. As mães consideram um passatempo ver a criança (...) ferir, brincando, um gato ou um cachorro. Certos pais são tolos a ponto de considerar que o fato de o filho bater (...) num criado é o feliz sinal anunciador de uma alma marcial e que enganar o companheiro, sendo maldoso e desleal, é um sinal de inteligência."
Ou seja, a educação sexual começa bem antes de a sexualidade despontar e a valorização do descontrole da criança é um crime.
Os pais podem inclusive ser responsabilizados pelo apego desmesurado do filho ao gozo, cujas consequências são sempre danosas e, ás vezes, letais.

Tomar Decisões Cansa Demais



Vanessa Prateano

Estudo mostra que capacidade de fazer escolhas diminui ao longo do dia e pode causar o que os médicos chamam de "o cansaço de decidir"

Vai tomar uma decisão importante? Não deixe para depois, se esse "depois" significar "após muitas outras decisões menos importantes". Um estudo feito por uma universidade israelense demonstrou o que muita gente já notou na prática: quanto mais decisões tomamos ao longo do dia, mais cansados ficamos, e maiores são as chances de não tomarmos decisão alguma ou então nos arrependermos pela escolha errada.
O fenômeno, chamado de desision fatigue, em inglês, ou "o cansaço da decisão", foi descrito após o estudo, realizado pela Ben Gurion University em parceria com a Universidade de Stanford (EUA), notar que juízes israelenses que participaram da pesquisa tinham mais chances de negar o pedido de liberdade aos presos quanto mais tarde fosse realizada a audiência de análise do pedido, chamada de parole board.
Em um episódio, um juiz deu parecer diferente a dois casos iguais (mesmo crime e mesma pena). Um, analisado às 8h50, foi deferido, ao passo em que outro, analisado às 16h25, após vários outros, foi negado. Os pesquisadores analisaram 1,1 mil decisões e observaram que 70% dos pedidos analisados no começo da manhã foram deferidos; no fim da tarde, o índice de pedidos concedidos caiu para 10%.
Estoque limitado
A ideia de que quanto mais decisões tomamos, num curto espaço de tempo, mais preparados ficamos para tomar as próximas, não se confirmou. De acordo com os pesquisadores, isso acontece porque nossa capacidade de tomar decisões é limitada, e o "estoque" de autocontrole necessário para tanto diminui conforme é usado.
As consequências seriam duas: a de agir impulsivamente, para acabar logo com o "tormento", ou não fazer coisa alguma, adiando a decisão. No caso dos juízes, o pedido muitas vezes era negado para que o magistrado tivesse a chance de analisá-lo com mais calma num outro momento. em outros casos, porém, esse tempo não é possível.
"A atividade mental cansa tanto quanto a atividade física e isso pode ser facilmente notado no final de um dia de trabalho. Isso explica porque grande parte dos acidentes ocorre no final da tarde, assim como os erros médicos, que geralmente ocorrem no fim de um plantão longo", observa o neurologista e professor de Medicina da Universidade Estadual paulista (Unesp) Fernando Coronetti. "Em qualquer atividade continuada, como tomar decisões a toda hora, o rendimento cai e se instaura essa fadiga."
E por que isso acontece? De acordo com o neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia, Luiz Carlos Benthien, como um carro, o cérebro precisa de combustível para funcionar. A gasolina ou álcool, neste caso, é a energia produzida pela quebra da glicose, que libera oxigênio no interior das células e permite a atividade cerebral. Como qualquer motorista sabe, o combustível não é infinito; o mesmo acontece com a energia da mente.
"Ao longo do dia, a tua reserva de neurotransmissores não trabalha com a mesma capacidade daquela com a qual você iniciou o dia. Ela se esgota com o processo de tomada de decisões, que quanto mais complexo, mais energia e capacidade de autocrítica vai exigir", explica o médico.
Justiça
A responsabilidade de mudar vidas
O exemplo dos juízes não foi tomado por acaso pelo estudo. A carga de responsabilidade que envolve as decisões de um magistrado é considerável-declarar alguém inocente ou culpado, decidir entre uma multa ou a prisão, dar a guarda de uma criança ao pai ou à mãe são algumas delas. E a existência de leis, que orientam tais decisões, não é o suficiente para impedir a manifestação da angústia e da insegurança.
Com 22 anos de profissão, o desembargador Gil Fernandes Guerra, que hoje preside a Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), conta que ainda sente o peso da responsabilidade sobre os ombros na hora de julgar os processos. "Não basta decidir, é preciso ser justo. Não é uma decisão qualquer e, dependendo do caso, se a pessoa está presa, por exemplo, é preciso ter pressa. E na nossa profissão é quase impossível deixar para depois."
Para ele, a rotina extenuante pode influenciar no julgamento e é preciso criar hábitos que evitem a tomada de decisões em momentos críticos. Ele opta, por exemplo, por levar trabalho para casa. "Gosto de trabalhar de madrugada, e costumo analisar só um tipo de processo de cada vez. No gabinete, prefiro momentos mais silenciosos, geralmente pela manhã."


"Tão bom viver dia a dia. A vida assim jamais cansa. E só ganhar, toda a vida, inexperiência, esperança. Nada jamais continua, tudo vai recomeçar!" __Mário Quintana

A ENGENHARIA DO AUTISMO




Marcela Buscato

Revista Época







Quem é o psicólogo britânico que decidiu procurar entre profissionais da área de exatas as origens do transtorno que afeta a habilidade de se comunicar







Eindhoven é o principal polo de tecnologia da Holanda. A cidade de 270 mil habitantes concentra duas importantes universidades tecnológicas e dezenas de indústrias de olho nos cérebros privilegiados formados lá. Nos últimos anos, as autoridades de saúde da cidade começaram a se dar conta de uma mudança.

Não havia nenhum levantamento oficial, mas os especialistas tinham a sensação de atender mais crianças com autismo, um transtorno de desenvolvimento que atinge principalmente meninos e afeta a habilidade de relacionamento e comunicação.

Os boatos despertaram a atenção do psicólogo britânico Simon Baron-Cohen, de 53 anos, diretor do Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade de Cambridge.

Baron-Cohen está longe de ser um oportunista. É sempre cauteloso ao explicar a dimensão de suas descobertas. Mas tampouco foge de controvérsias.

Para Baron-Cohen, o aumento de crianças com autismo, possivelmente o caso de Eindhoven, deve-se ao casamento entre pessoas com tendências autistas. Todo mundo conhece alguém assim: é o amigo da faculdade ou do trabalho com interesses muito específicos (pode ser organizar sua coleção de livros sobre trens ou colecionar espécies de um gênero de orquídea). Ele percebe facilmente padrões dispersos pelo cotidiano, como a sequência de funcionamento de semáforos de uma avenida, e não tem muitos amigos. Segundo Baron-Cohen, pessoas com esse perfil escolhem profissões que aproveitem essa facilidade para captar padrões. Tornam-se engenheiros, matemáticos, físicos, cientistas da computação. "Não estou dizendo que todos os engenheiros e matemáticos são autistas", afirmou a ÉPOCA Baron-Cohen. "Mas é comum que, entre esses profissionais, existam mais pessoas com características compatíveis com autismo."

Esse tipo de habilidade está presente em todos nós, em maior ou menor grau. Entre os autistas, estaria absolutamente fora do normal. Alguns são capazes de criar fórmulas matemáticas para calcular em que dia da semana caiu uma data passada e quando cairá no futuro. Nos profissionais das ciências exatas, "grandes sistematizadores", segundo Baron-Cohen, essa capacidade estaria na fronteira entre o normal e o fora do comum. "Talvez, eles tenham apenas alguns dos genes do autismo e manifestam só algumas características", diz. Como são atraídos por um tipo específico de profissão, se concentrariam em polos tecnológicos, onde conheceriam mulheres com interesses semelhantes e, provavelmente, também com alguns dos genes do autismo. Ao se casarem, teriam filhos autistas ao unir suas cargas genéticas.

O caso de Eindhoven parecia a oportunidade perfeita para Baron-Cohen reunir evidências em favor de sua tese. Ele pediu que as escolas da cidade informassem o número de crianças autistas matriculadas. Fez o mesmo com escolas de outras duas cidades holandesas de tamanho semelhante-Haarlem e Utrecht-, mas cujas economias não são baseadas no setor tecnológico. A conclusão do estudo, divulgado há pouco mais de dois meses em uma importante publicação sobre autismo, parece confirmar as suspeitas de Baron-Cohen. Em Eindhoven, há entre duas e quatro vezes mais casos do que em Haarlem e Utrecht. A pesquisa foi a primeira a comparar a prevalência de autismo em um polo tecnológico com cidades de perfil econômico diferente. E, portanto, a provar cientificamente a relação. Mas a suspeita não é nova.

O primeiro caso a chamar a atenção foi o da Califórnia, Estados Unidos. O Estado engloba o Vale do Silício, região que concentra algumas das principais empresas de tecnologia do mundo, como o Facebook, o Google e a Apple. Entre 1987 e 2007, segundo estatísticas do governo americano, o número de diagnósticos de autismo aumentou 1.148%. A população cresceu só 27%. A ideia de que os pais de crianças com autismo tenham formas atenuadas da condição paira sobre o campo da psiquiatria desde o final da década de 1980.

Mas foi Baron-Cohen que tomou para si a tarefa de provar ou refutar a teoria. Em sua busca pelas origens do autismo, já analisou milhares de familiares de matemáticos e engenheiros. As conclusões reforçam sua tese. Entre 1.405 parentes de estudantes de matemática, ele encontrou sete casos de transtornos semelhantes ao autismo. Nas famílias de universitários de outras áreas, achou apenas dois. Em um estudo com crianças autistas, a probabilidade de que o pai da criança ou um dos avôs fosse engenheiro era duas vezes maior.

A teoria, claro, é polêmica. "Esses achados precisam ser reproduzidos por outros estudos para que sejam considerados', diz a psiquiatria Letícia Amorim, da Associação de Amigos do Autista. Os cientistas não tem certeza nem das origens genéticas do autismo. Não sabem se o transtorno é causado por dois ou 200 genes. Logo, é difícil procurar por eles entre matemáticos e engenheiros. Além disso, existe a dificuldade de fazer o diagnóstico.

Há um espectro de condições relacionadas ao autismo, algo parecido com uma escala. Pessoas com as formas mais graves têm quociente menor de inteligência, não desenvolvem a linguagem e não conseguem se relacionar. Na outra ponta da escala, os pacientes podem ter o quociente de inteligência acima da média da população e menos dificuldade para interagir socialmente. Baron-Cohen acredita que os físicos Albert Einstein e Isaac Newton, criadores das teorias que explicam o Universo, estavam nesse extremo do espectro, uma síndrome conhecida como Asperger. Em alguns casos, a fronteira entre a síndrome e o considerado "normal" é tão tênue que é difícil saber se pais de crianças autistas, possivelmente os matemáticos e engenheiros da teoria de Baron-Cohen, também não são eles mesmos Aspergers. Isso torna ainda mais complicado provar a teoria das tendências autistas.

Baron-Cohen diz que toda essa polêmica é por bons motivos. Porque ajuda os especialistas a entender como os autistas pensam e a refinar estratégias de aprendizagem destinadas a crianças com o transtorno. Além disso, serviria para mudar o olhar da sociedade. "Ao mostrar que esses traços podem estar presentes em profissionais, percebemos que o autismo engloba habilidades e até talentos", diz.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A ação vence o medo.



por Cláudia Piasecki

Nós os humanos vivemos sempre rodeados, por vezes, assombrados pelas dúvidas do cotidiano, pelas escolhas que devemos fazer, decisões importantes que vão ser cruciais para o nosso futuro, outras decisões nem tão importantes assim, mas que nos deixam ansiosos e preocupados da mesma forma.
Cada fase do ciclo vital exige mais e mais responsabilidades, atitudes assertivas, amadurecimento, discernimento, ação.
Vivemos numa sociedade que nos exige escolhas o tempo todo, mas nem sempre estamos bem preparados para fazê-las. E inevitavelmente somos tomados pelo medo e insegurança.
Com muita frequência surgem questões como: "Será que estou indo pelo caminho correto?". "Será que isso vai dar certo?". "Será que tenho capacidade para tanto?". "Será que vou dar conta?". "Até quando isso vai durar?”. Será que preciso mesmo aguentar?". "O que será que vão pensar de mim?".
Na verdade são questões que fazem parte do imaginário de qualquer pessoa. O medo é um sentimento que nos acompanha sempre, e é positivo, pois nos faz pensar e criar estratégias de proteção e de aperfeiçoamento. O medo deixa de ser positivo no momento em que permitimos que ele nos paralise a ponto de abandonarmos nossos sonhos, ideais e desejos.
Na verdade, renunciar a um desejo antes mesmo de fazer uma pequena tentativa, é abrir mão de uma possibilidade, por mais remota que nos pareça a realização. Se renuncio, abro mão. Se tento, posso estar abrindo um leque de possibilidades, ou no mínimo evito criar uma fantasia em relação ao que poderia ter sido. A ação vai fazer toda a diferença. Se ficarmos com medo de eventual frustração que possa ser gerada por tal ação que pode não dar certo, ou de estarmos nos expondo de alguma maneira e parecermos ridículos aos olhos dos outros, certamente estaremos assim matando em nós a chama que nos mantém vivos, a esperança.
Percebo que muitas pessoas vivem uma vida de simulação, sem autenticidade, eu diria, quase artificial, pois se dedicam a coisas ou atividades mecânicas que geralmente são geradas por uma necessidade que vem do outro e não de si mesmo. Claro que temos nosso papel social que é muito importante, mas é necessário que nos questionemos sempre se estamos satisfeitos com o caminho que estamos percorrendo. Se criássemos um espaço maior para a reflexão e não apenas vivêssemos voltados para essa "coisificação social" de que tenho que ser igual a todo mundo, tenho que possuir coisas para me tornar alguém, que para eu me sentir aceito preciso fazer exatamente o que os outros fazem, ou me comportar dessa, ou daquela maneira que sabe-se lá quem estabeleceu. Como construir uma identidade dentro de um sistema tão massacrantre? E quando se consegue viver uma vida mais autêntica e saudável, percebemos que estamos envelhecendo...
Talvez seja importante refletirmos sobre a finitude. A realidade é cruel. Todos vamos morrer um dia. Não sabemos quando, mas essa é a nossa maior certeza. Não podemos escolher quanto tempo vamos viver, mas podemos escolher como viver.
Semana passada o mundo ficou um pouco mais triste com a perda de Steve Jobs, diretor da empresa Apple. Steve Jobs sabia que estava com câncer e que não viveria por muito mais tempo. Interessante como ele soube usar a seu favor essa realidade (dura realidade), não se deixou abater e continuou criando, trabalhando, vivendo. Certamente um grande exemplo, que merece admiração.
Nenhum problema ou sofrimento é pequeno. Sempre que estamos passando por uma situação difícil, ou de escolha, nos sentimos pressionados, ansiosos, inseguros, com muito medo. Mas se não partirmos para a ação ou no mínimo tentarmos enfrentar a adversidade ou quem sabe fazer uma escolha, nossa vida certamente será muito menos excitante, interessante e criativa, ou alegre. O que faz a vida valer a pena para você, caro leitor?

"Lembrar que eu estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que eu encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida. Porque quase tudo- todas as expectativas externas, todo o medo de se envergonhar ou de errar- isto cai diante da face da morte, restando apenas o que realmente é importante. Lembrar que vou morrer é a melhor maneira para eu saber evitar em pensar que tenho algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração."__Steve Jobs, em discurso durante formatura em Stanford, 2005.

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Cláudia Piasecki
Psicóloga Clínica
3243-0156
9856-8944

Homens e Mulheres. Mitos e Verdades.



por Cláudia Piasecki

Homens são de Marte e mulheres são se Vênus.
Quem não teve a oportunidade de ler o livro, no mínimo já ouviu falar. O nome do livro dá claramente a idéia de que homens e mulheres são tão, tão diferentes que não é possível que sejam do mesmo planeta.
Na verdade percebo como um exagero e talvez até como um grande equívoco reforçarmos tanto as diferenças entre homens e mulheres.
É importante reconhecer tais diferenças, porém, reforçá-las acaba por criar um dilema ainda maior para o ser humano.
Com o passar do tempo crenças sobre o comportamento de homens e mulheres foi se cristalizando e criando muitos mitos que conhecemos hoje. E que reforçamos o tempo todo, principalmente quando nos envolvemos num relacionamento e vivenciamos situações de frustração. Então, aquele cara bacana, bonitão, charmoso e gentil, pode se tornar de uma hora para a outra o carinha galinha, machista, babaca, insensível, grosseiro. Basta ele não ligar no dia seguinte, ou não enviar uma mensagem para o celular daquela moça bonita, divertida e cativante que ele conheceu na noite anterior. Nesse momento o inferno se instala na vida da garota que mais uma vez se “deixou enganar” pelo desejo de conhecer finalmente seu príncipe encantado.
Bem, claro que as mulheres nesse momento podem estar concordando comigo (pensando que no final os homens não valem nada mesmo! Que são todos iguais.), mas creio que os homens nem tanto (os homens também tem um coração, e sofrem quando levam um fora).
Basicamente o que quero dizer é que, em se tratando de gente, seja do gênero masculino ou do gênero feminino, o sentimento é o mesmo! Quem já não sofreu por amor? Quem nunca levou um fora? Quem nunca ficou dias esperando uma ligação, uma mensagem, um sinal de fumaça que fosse? Quem nunca desejou ouvir uma declaração do ser amado? Quem nunca desejou ser amado?
Não acredito que a insegurança seja apenas feminina, não acredito que sofrer por alguém, ou por um relacionamento que não deu certo seja uma “dádiva” dada apenas as mulheres.
Penso que nos restam muitos resquícios filogenéticos que talvez expliquem algumas diferenças entre os gêneros. O processo evolutivo é extremamente lento. Embora o mundo moderno tenha passado por muitas transformações, gostemos ou não, os sentimentos humanos continuam pré-históricos. Historicamente vivemos cinco mil anos de um regime patriarcal, o que faz com que o homem se sinta muito mais livre, ou que lide melhor com a sua liberdade. A liberdade feminina é muito recente, a mulher sempre foi vista como propriedade do homem, quando não do pai, era do marido. Ou seja, é ainda muito familiar à mulher se sentir impelida a priorizar um relacionamento amoroso estável na sua vida, e creio que ainda vai levar muito tempo para essa “necessidade” se equalizar.
O homem por sua vez sempre se ocupou de outras demandas que não primordialmente o casamento e a família, a mulher sim, durante muito tempo. Vivemos muito recentemente a emancipação feminina. Percebo que por muitas vezes a mulher tem muito mais dificuldade em lidar com a sua emancipação do que o homem.
Bem, a grande verdade é que somos todos terráqueos, portanto sujeitos as mesmas mazelas. Todo o ser humano vive, sofre, se alegra, se frustra, se aborrece, espera, deseja, sonha, se decepciona, se engana, engana. Talvez o que diferencie realmente o comportamento de cada pessoa seja o nível de maturidade de cada um e o respeito que tem em relação a si mesmo e aos outros. Quando exercitamos a empatia conseguimos entender melhor o que se passa com os outros, e aí fica mais fácil conseguir perceber o por quê de muitas atitudes que nos irritam, ou que geram um mal estar no relacionamento amoroso, ou numa situação onde ainda não há compromisso. Cada pessoa tem um padrão de funcionamento, padrão esse que geralmente é extremamente diferente do nosso, por isso vivenciamos tantos conflitos relacionais.
A guerra dos sexos não nos leva a nada. Na verdade é um jogo, uma forma de culparmos alguém da dificuldade de lidar com as nossas próprias frustrações.
Na verdade na maioria das vezes agimos de acordo com os nossos interesses. Da mesma forma que uma mulher que está apaixonada e não é correspondida, e por esse motivo se sente ferida, ela mesmo pode estar ferindo alguém que sente paixão por ela, mas ela não corresponde a tal sentimento, da mesma maneira que acontece com os homens. Ou seja, não é correto afirmar que os homens sejam especialistas em não se envolverem num relacionamento sério. Seria muito mais fácil se a paixão ocorresse de maneira simultânea, mas nem sempre é assim.
Verdade seja dita, todos querem a mesma coisa, amor e amar.

“Uma flor não nos parece menos esplêndida se suas pétalas só estiverem viçosas durante uma noite.” __Sigmund Freud

“Não vemos as coisas como elas são, mas sim como as desejamos ou imaginamos.” __ Sigmund Freud

Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
3243-0156
9856-8944

Resiliência




Pessoas com características resilientes fazem com que a pressão trabalhe em seu favor. Elas conseguem essa façanha por disponibilizar todos os seus recursos e capacidades internas para fazer frente a todas as exigências e estímulos, enfrentado-os e gerenciando-os efetivamente.

Utiliza-se a resiliência para:

* Ser flexível perante a adversidade.
* Ter e sustentar excelente desempenho.
* Ser automaticamente otimista.
* Correr os riscos necessários.
* Progredir com as mudanças.
* Permanecer saudável, enérgico e cheio de vida.
* Assumir desafios difíceis e complexos.
* Perseverar.
* Inovar para descobrir soluções.
* Pensar e solucionar problemas rapidamente.
* Aprender, crescer e se aperfeiçoar.
* Realizar os mais nobres sonhos.

A palavra RESILIÊNCIA vem do latim resilio, que significa "voltar ao estado natural".

Resiliência significa a capacidade de um indivíduo manter uma conduta sã em ambientes insanos, ou seja, a capacidade do indivíduo sobrepor-se e construir-se positivamente diante das ADVERSIDADES.
Pessoas resilientes são aquelas que utilizam sua força, flexibilidade, inteligência e otimismo para enfrentar e superar circunstâncias desfavoráveis.
É importante observar que a resiliência não deve ser considerada um traço de personalidade nem uma capacidade fixa e invulnerável.
Da mesma forma que cada um de nós está competente (e não é competente) resiliência é uma capacidade que pode variar através do tempo e de acordo com o ambiente e a circunstância a que a pessoa se submete.
Estar resiliente em cada segundo da vida, portanto, é fazer o melhor uso possível de qualidades como flexibilidade, assertividade, otimismo, confiança, criatividade, intuição, foco, adaptabilidade e perseverança.
Essas qualidades o levarão a patamares mais altos de conhecimento e compreensão sobre quem é você e qual será a melhor forma de viver a vida e lidar com situações de pressão.
Talvez não seja sempre possível escolher os próprios desafios, e muitas vezes não gostamos das circunstâncias que a vida nos apresenta. Muitos não querem participar de uma GUERRA, perder o emprego, ser rejeitados pela pessoa amada. Mas cada um pode escolher como interpretar e como responder às circunstâncias indesejáveis da vida. Toda pessoa tem a possibilidade de se portar como protagonista e transformar a adversidade em um desafio que vale a pena ser encarado e num aprendizado que vale a pena ser EXPERIMENTADO.
Quando a fadiga e a tensão aumentam muitos ficam de mau humor, perdem o ânimo, o discernimento e a flexibilidade, vendo-se em situações em que:
O ATRASO de um minuto parece durar uma hora.
Um comentário descuidado FERE como repreensão.
Um SILÊNCIO é interpretado como indiferença.

"Não, o melhor é não falares,
não explicares coisa alguma.
Tudo agora está suspenso.
Nada agüenta mais nada.

E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes,
o que é que derruba um castelo de cartas! Não se sabe...
Umas vezes passa uma avalanche e não morre uma mosca...
Outras vezes senta uma MOSCA e derruba uma CIDADE."
__Mário Quintana

Interpretando as adversidades como um desafio a superar, você sentirá vontade de avançar, de seguir em frente. Não mais alimentará pensamentos e sentimentos que fazem com que se desvie de seus objetivos.
LEMBRE-SE: a adversidade existe somente para isso: para que você aprenda e evolua.

"A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis teriam ficado adormecidas."
__Horácio

"Você não pode controlar o que irá sentir, quando irá sentir nem quanto isso será forte.
Mas você pode criar escolhas: como reagir quando se sentir assim."
__Daniel Goleman

As pessoas RESILIENTES:
Conseguem recuperar-se facilmente de um desapontamento ou uma frustração.
Conseguem relaxar e se orientar em momentos difíceis.
São pacientes e conseguem ver o lado cômico das situações.
Podem facilmente afastar distrações quando precisam se concentrar.
Conseguem identificar e administrar seus sentimentos e suas emoções em ambientes imprevisíveis ou emergenciais.
Pedem ajuda quando não são capazes de enfrentar algum problema sozinhas.
Estão em constante contato com seus sonhos e firmes em seus propósitos.

As pessoas não são perturbadas pela coisa em si, mas pela ideia que fazem delas.
"O pessimista queixa-se do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas."

ESTEJA PRESENTE
Visualize o futuro, mas absorva e se concentre no presente, pois nele está a possibilidade de mudança.
Frequentemente nos distanciamos da hora em que mais precisaríamos estar presentes.
A presença é o ato mais curador que você tem.
É o que aumenta a eficiência, a consciência e o poder de resolução.

"Não se faz o que se quer, no entanto SE É responsável pelo que SE É: EIS O FATO."
__Jean-Paul Sartre

Esteja flexível e adaptado.
A qualquer momento a estrutura à qual você está acostumado pode ser substituída por outra, nova e diferente, que exigirá adaptação. Desvie-se das lanças da turbulência. Atue em várias áreas ao mesmo tempo.
Aprender a adaptar-se é encontrar novas trilhas e novas formas de atuar, mantendo o foco no propósito.
É perfeitamente possível ajustar suas estratégias e atitudes sem necessariamente perder seus valores.
Cultive a flexibilidade e a imaginação para fazer isso mesmo num momento de crise, mesmo que duvide de si próprio.
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Extraído do Livro: Supere! A arte de lidar com as adversidades.
de: Eduardo Carmello
www.entheusiasmos.com.br
eduardo@entheusiasmos.com.br

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Amores que se vão...



por Cláudia Piasecki

"...nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará..."
Como uma onda.
Lulu Santos

Frustração, desânimo, impotência, tristeza, dor. Para quem já viveu uma história de amor, sabe que esses sentimentos se fazem presentes no momento em que um relacionamento acaba. Esses e muitos outros sentimentos claro, como raiva, indignação e uma enorme sensação de vazio.
Geralmente, quando um relacionamento é desfeito, ou chega ao fim não que dizer que o casal tomou a decisão de maneira ponderada e amadurecida, eu diria que essa situação é rara, via de regra uma das partes ainda está muito ligada, ou dependente do relacionamento. Por isso as pessoas acabam sofrendo tanto. Sofre quem não está mais apaixonado, ou não está mais satisfeito com aquela relação, e sofre muito mais quem ainda ama e de repente se vê "abandonado".
A sensação de abandono e vazio surge porque a relação amorosa nos traz a ideia de segurança, de afeto garantido, da presença do outro. Segundo o psiquiatra e psicanalista Flávio Gikovate, procuramos na relação amorosa o amor primordial, aquela sensação de amor incondicional que experimentamos quando nascemos, pois encontramos nos cuidados maternos tudo que precisamos, alimento, afeto, carinho, aconchego, segurança, a presença de um outro sempre pronto a atender todas as nossas necessidades.
Quando adultos procuramos no relacionamento amoroso essas sensações. Acreditamos que quando encontrarmos a pessoa certa vamos experimentar todo esse universo de sensações deliciosas, e a certeza que a presença do outro será algo divino, satisfatório, digamos, um felizes para sempre, como num conto infantil.
Renunciar a um grande amor, ou a uma paixão que está iniciando é bastante difícil. Aliás, de acordo com Dr. Eduardo Ferreira-Santos, psiquiatra, existem duas coisas que são dificílimas para o ser humano, o perdão e a renúncia. E das duas, pondera ele, renunciar é muito mais difícil do que perdoar. Quando eu perdoo alguém, eu considero alguma atitude que o outro cometeu que me machucou, magoou, aí eu posso imputar no outro toda a culpa pelo ato cometido, e demonstro toda a generosidade possível para no final conceder o perdão. Para renunciar algo ou a companhia de alguém que me é muito caro, é um movimento vivido de uma maneira totalmente individual, nessa situação tenho que encontrar força interior, subsídios próprios para poder superar tamanha dor, ao renunciar uma história de amor é vivido um período de luto, pois a perda é imensa. E esse sentimento é potencializado porque mais uma vez vivemos a frustração e a certeza de que não encontraremos mais aquele amor primordial.
Por isso é importantíssimo investirmos não só nos relacionamentos, mas também em vários outros interesses pessoais que nos tragam satisfação, que não dependam exclusivamente de uma outra pessoa para a sua realização.
Na vida experimentamos todos os tipos de frustração e por vezes um sentimento de que nada vai dar certo, mas é preciso sempre seguir em frente, tentar descobrir coisas novas, conhecer pessoas novas, aumentar a rede de relacionamentos de amizade, e valorizar as já existentes. Compartilhar interesses semelhantes com pessoas semelhantes. Certamente quando focamos nossos interesses em uma pessoa, e ela passa a ser a nossa única referência afetiva, estamos sendo extremamente egoístas e presunçosos. E podemos desta forma estarmos destruindo uma relação que poderia ser forte, saudável e durável, mas que não perdura por causa de nossa ansiedade em manter a presença daquela pessoa a qualquer preço (como se fosse nossa posse) numa atitude imatura e fantasiosa de que realmente temos esse poder. E por outro lado, se a relação não termina, está fadada de qualquer maneira a ser um peso carregado pela pessoa que é tratada como um objeto, ou como sendo a razão do viver do outro. Situação bastante delicada, pois não podemos e não devemos (pois não temos esse direito) tornar uma outra pessoa, a depositária das nossa frustrações e dificuldades emocionais.
As pessoas devem ser livres para fazer suas escolhas.
E parafraseando a música da cantora Maísa: "...se meu mundo caiu, eu que aprenda a levantar."
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847
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Considerações sobre novos desejos



por Contardo Calligaris

Um jovem não sabe o que ele está a fim de fazer da vida, e os pais pedem que eu descubra qual é o desejo do filho, de modo que ele possa escolher o vestibular e a profissão que ele "realmente" gostaria.
Na mesma semana, encontro um adulto que acha que, de fato, nunca fez nada por desejo. Embora bem-sucedido, queixa-se de que suas escolhas (profissionais e amorosas) sempre teriam sido circunstanciais, efeitos de oportunidades encontradas ao longo do caminho. Ele pede, antes que seja tarde, que eu o ajude a descobrir qual é "realmente" o seu desejo.
Nos dois casos, o pressuposto é o mesmo: quem viver segundo seu desejo será, no mínimo, mais alegre. Esta é mesmo uma boa definição da alegria: a sensação de que nosso desejo está engajado no que estamos fazendo, ou seja, de que nossa vida não acontece por inércia e obrigação. Inversa e logicamente, muitos estimam dever sua (grande ou pequena) infelicidade ao fato de terem dirigido a vida por caminhos que eles declaram não eram exatamente os que eles queriam.
Pois bem, esse pressuposto e os pedidos que recebi se chocam com esta constatação: o "nosso desejo" nunca é UM desejo definido por UM objeto ou por UM projeto. Não existe, nem escrito lá no fundo escondido de nossa mente, UM querer definido, que poderíamos descobrir e, logo, praticar com afinco e satisfação porque estaríamos fazendo aquela coisa ou caçando aquele objeto aos quais éramos, por assim dizer, destinados. Nada disso: de uma certa forma, todos os objetos e os projetos se valem, e nenhum é "nosso" objeto ou projeto específico. Ou seja, nós desejamos sempre segundo as circunstâncias, os encontros, as oportunidades--segundo as tentações, se você preferir.
Somos volúveis? Nem tanto, pois cada objeto e projeto não substitui necessariamente o anterior. O que acontece é que desejar é uma atividade inventiva a jato contínuo.
Por consequência, mesmo quando estamos alegremente convencidos de estar fazendo o que queremos com nossa vida, nunca estamos ao abrigo do surgimento de novos desejos.
Claro, podemos aceitar esses desejos novos. Por exemplo, em "As confissões de Schmidt" (que não é um grande filme), de A. Payne, com Jack Nicholson, o protagonista acorda de noite, olha para sua mulher de sei lá quantos anos e se pergunta estupefato: "Quem é esta mulher que dorme na minha cama?". Logo, ele dá um rumo novo à sua vida, colocando o pé na estrada. Mas a expressão de seus novos desejos é fortemente facilitada por duas circunstâncias: providencialmente, o protagonista se aposenta e fica viúvo. Nessas condições, escutar novos desejos fica fácil, não é?
Agora, imaginemos alguém que esteja no meio de sua vida profissional e num bom momento de sua vida amorosa. Nesse caso, provavelmente, o novo desejo será silenciado, reprimido, menosprezado ("deixe para lá, é besteira'). Resultado: o indivíduo continuará declarando que está vivendo a vida que ele queria (e, em parte, será verdade); só que, de repente, sem entender por quê, ele perderá sua alegria.
Por que razão nosso indivíduo negligenciaria seus novos desejos?
Simples: por serem novos, eles acarretam a ameaça de uma ruptura no presente: afetos e laços que poderiam ser perdidos, medo da solidão e preguiça dos esforços necessários para reinventar a vida.
Infelizmente, essa negligência tem um custo alto. Sempre entendi assim a "Metamorfose", de Kafka: alguém acorda, e o que até então era uma vida normal e legal, de repente, aos seus olhos, é uma vida de barata.
Nota útil para a clínica da depressão; será que houve lutos ou perdas? Nada disso; está tudo bem, trabalho, família, filhos e tal, mas o indivíduo entristece, volta a fumar e a beber como se quisesse encurtar a vida, engorda como se estivesse num mar de frustração e precisasse de gratificações alternativas.
Em muitas dessas vezes, a origem da depressão não é uma perda, nem propriamente uma frustração, mas a aparição de um desejo novo que não foi reconhecido. E os novos desejos, sobretudo quando são silenciados, desvalorizam a vida que estamos vivendo.
Moral da fábula: 1- Não existem vidas definitivamente resolvidas, pois novos desejos surgem sempre; 2- É bom reconhecer os novos desejos, mesmo que deixemos de realizá-los.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

AMOR REAL X AMOR VIRTUAL



por Cláudia Piasecki

"Quero um amor maior, amor maior que eu..."
J. Quest


O tempo passa, mudanças imensas se dão na cultura, no comportamento humano, mas tem algo que não passa e que nunca cai em desuso (espero que nunca caia...) , o amor.
Claro, que a maneira como as pessoas amam e como elas buscam o amor mudou.
As redes sociais são hoje grandes aliadas na conquista de relacionamentos, seja na busca de amizades ou de um possível namoro.
A internet é uma grande ferramenta de comunicação para nós, seres pós-modernos.
Lembro da época que a única maneira de comunicação, fora a velha conhecida cara-a-cara, era o telefone. Ficávamos horas ao telefone com os amigos, em conversas intermináveis. E o namoro pelo telefone então? Durava horas e horas...a conta no final do mês era do tamanho do amor e da eloquência do casal...
Bem, hoje tudo isso mudou, sim usamos muito o telefone ainda, certamente muito mais o celular do que o nosso velho amigo telefone fixo.
Mas o que realmente mudou nas relações humanas com o advento das redes sociais, MSN, Skype?
A grande mudança é que podemos nos comunicar com pessoas do mundo inteiro à distância, podemos ver imagens em tempo real pela webcam. As redes socias possibilitam a manutenção de amizades que já existiam no âmbito social real, e nos dão a chance de conhecermos inúmeras pessoas, amigos de amigos, que vamos adicionando. A grande questão é que na verdade não conhecemos pessoalmente a grande maioria das pessoas que são nossos amigos nas redes sociais, segundo Martha Gabriel, consultora de mídias socias, atualmente é possível que nos relacionemos com 150 pessoas. Podemos ter mais de mil amigos virtuais, mas pessoas que realmente conhecemos e com quem temos frequentes trocas virtuais são apenas 150 (em média).
E as relações amorosas. O que mudou?
Muitos relacionamentos amorosos tiveram início através das redes sociais, muitos casamentos aconteceram graças a tecnologia. Muitas pessoas, que são muito tímidas na vida real, se deram bem no contato virtual. São novos tempos...e com certeza a tecnologia entrou com tudo em nossas vidas, causando grande transformação.
Penso que o ser humano está num período de grande desenvolvimento. O contato via internet, redes sociais é irreversível.
Outra novidade no campo relacional, são os sites de namoro. As pessoas se inscrevem nesses sites, e sonham com a possibilidade de conhecer alguém legal, compatível com o seu desejo, alguém para amar.
Mas não se enganem...as pessoas não são melhores nem piores por estarem "protegidas" pela magia da comunicação virtual. Muitas vezes a porção ingênua e sonhadora das pessoas se exacerba na comunicação virtual, tem-se a impressão que todas as pessoas são boas, legais, lindas, de ótimo caráter, felizes, bem sucedidas, fiéis, etc.
Existem casos onde as pessoas estão deixando de investir em relações reais para se dedicar às relações virtuais. Homens e mulheres vivendo uma ilusão, um sonho. Claro que a realidade muitas vezes traz frustrações, sofrimento, temos receio de não sermos aceitos; aí vem a falsa impressão que no contexto virtual isso não acontece. Mas quando chega a hora de conhecer pessoalmente aquela garota, ou aquele rapaz com quem você está se comunicando a um bom tempo virtualmente? Será que ele (a) é tudo aquilo que você imaginou? Então, bate a dúvida: será que eu devo mesmo conhecer esta pessoa? A probabilidade de se decepcionar é bastante grande, pois certamente projetamos qualidades, que talvez essa pessoa não possua. Totalmente diferente do contato real. Você poder olhar nos olhos da pessoa, sentir seu cheiro, o toque, a voz, enfim. Não existe comparação. Podemos usar e abusar da comunicação virtual como forma de comunicação complementar, mas a relação real, com pessoas reais é muito mais gratificante, verdadeira e satisfatória.
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
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Para durar, o amor deve ser um constante exercício de conquista



por Alberto Lima
psicoterapeuta junguiano



Enganam-se as pessoas que pensam que o casamento é hora de sossegar, que a sedimentação da relação garante, por si só, a sua sobrevivência. Se não for cultivado diariamente, com pequenos e também grandes gestos de atenção, o relacionamento se acomoda, o sexo esfria, o entusiasmo vai embora. A disposição para o cuidado com o outro é que mantém a chama acesa.



Tudo começa movido pelo elemento fogo: é paixão! Arrebatadora! Corações em brasa, corpos ardentes, disponibilidade total, olhares enamorados, admiração mútua...
Uma beleza! Ele e ela foram bem-sucedidos na conquista e entendem que o amor se instalou inexoravelmente. Casam-se, então, e, no momento em que firmam esse compromisso, tornam-se irremediavelmente "felizes para sempre"!
Com o passar do tempo, o fogo abranda e o gráfico da paixão ameaça raspar na base do papel. O entusiasmo arrefece, o envolvimento se afrouxa, o olhar já não pousa sobre os olhos do outro. Os beijos já não são ardentes e dão lugar a protocolares bicotas. O sexo deixa de ser tão frequente, parece não suscitar o mesmo élan.
E a motivação para os programas a dois diminui.
A vida é assim, certo?
Errado. E o erro está em acreditar que a manutenção de um casamento__e do fogo, claro__seja algo automático, que deveria decorrer naturalmente do simples fato de a relação ter-se sedimentado.
Uma relação amorosa é um grande desafio. O jogo começa quando se pensa que terminou (com a efetivação da união).
Não se sustentará, a menos que seja vivido como um constante exercício de conquista.
Amor é labor. E há de ser assim, ou perecerá.
Nada na vida funciona bem, a menos que se renove. O banho precisa ser tomado com cuidado todos os dias. O alimento precisa ser preparado novamente, com o mesmo capricho. O filho precisa ser levado a dormir e deverá ouvir um conto de fadas, de novo e de novo, todos os dias, ou não se estruturará como sujeito íntegro, com fé na vida e capaz de, a exemplo dos pais, saber renová-la a cada dia, em todos os instantes de seu futuro.
A renovação da conquista é tão importante quanto reafirmar a escolha amorosa.
Nenhuma dessas duas coisas se pode pressupor como automaticamente presente, ou natural em uma relação. Para que uma casa fique firme, é preciso construir as paredes, tijolo por tijolo, instalar o telhado, telha por telha, cuidar do acabamento e, finalmente, não deixar de lado a manutenção. Se a casa da união não recebe a energia cuidadosa de quem a botou no mundo, tende a "adoecer" e pode ruir.
Para conquistar o parceiro, a parceira, tudo de que se necessita é disposição pessoal para o cuidado. Regar a planta, remover as ervas daninhas, nutrir. A saladinha de alface com tomate de todos os dias pode ser enfeitada com estrelas de carambola, ou com iscas de pêssego. Pode ser servida em travessas diferentes, com alguma arte. Ele__ou ela__perceberá o cuidado, experimentará gratidão e verá renovar-se no peito o bem querer.
Quando chegar em casa à noite e for tomar o seu banho, ele pode fazer a barba uma vez mais; ela apreciará o gesto.
Ela pode escolher a roupa que vai vestir, em lugar de aproveitar aquela camisetinha básica "que nem estava cheirando a usada"; ele saberá.
Quando um percebe que foi considerado pelo outro__e geralmente o significado disso está em que um cuidado foi tomado e um tempo de dedicação foi empregado__, isso é o que basta para que se renove o sentimento de bom gosto na escolha de parceria! "Ah, como é bom meu amor importar-se comigo e tratar bem de mim". A chama amorosa se renova e dá sustentação à continuidade e ao crescimento do vínculo e do prazer de vivê-lo.

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pessoas






Você é uma "Razão", uma "Estação", ou, uma "Vida Inteira?"



Pessoas entram na sua vida por uma "Razão", uma "Estação", ou, uma "Vida Inteira?"

Quando você percebe qual deles é, você vai saber o que fazer por cada pessoa.



Quando alguém está em sua vida por uma "Razão"...

É geralmente para suprir uma necessidade que você demonstrou.

A pessoa surge para auxiliá-lo numa dificuldade, fornecer orientação e apoio, ajudá-lo física, emocional ou espiritualmente.

Poderá parecer como uma dádiva de Deus, e ela é!

Está lá pela razão que você precisa que ela esteja lá.

Então, sem nenhuma atitude errada de sua parte, ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação a um fim.

Pode acontecer dessa pessoa morrer, ou, ela simplesmente se vai, ou, ela age e te força a tomar uma posição.

O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e o trabalho dela, feito.



Quando pessoas entram em nossas vidas por uma "Estação", é porque chegou a sua vez de dividir, crescer e aprender.

Elas trazem para você a experiência da paz, ou fazem você rir. Elas poderão ensiná-lo algo que você que você nunca fez.

Elas geralmente te dão uma quantidade enorme de prazer. Acredite! É real!

Mas somente por uma "Estação".



Relacionamentos de uma "Vida Inteira" te ensinam lições para a vida inteira: coisas que você deve construir para ter uma formação emocional sólida.

Sua tarefa é aceitar a lição, amar a pessoa, e colocar o que você aprendeu em uso em todos os outros relacionamentos e áreas de sua vida.

É dito que o amor é cego, mas a amizade é clarividente.



"Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro, ame como se você nunca tivesse sido magoado, e dance como se ninguém estivesse te observando".



"O maior risco da vida é não fazer NADA."



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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Buscando um relacionamento




por Lou Marinoff



"E, no entanto, se todos os desejos fossem satisfeitos logo que despertados, como os homens ocupariam a vida, como passariam o tempo? Imaginem essa corrida transportada para uma Utopia em que tudo crescesse por sua própria vontade e os perus assados passassem de um lado para o outro, onde os amantes se encontrassem sem demora e se mantivessem juntos sem dificuldades: em um lugar assim, alguns homens morreriam de tédio ou se enforcariam, alguns brigariam e matariam uns aos outros, e, portanto, criariam mais sofrimento para si mesmos do que a natureza lhes inflige assim como é."
__ Arthur Schopenhauer


"Para viver só, ou se é um animal ou um deus."
__ Friedrich Nietzsche

Embora todos os tipos de relações__com a família, amigos, vizinhos e colegas__satisfaçam em parte a intransigente necessidade humana de contato social, esta necessidade se revela mais comumente na busca de um relacionamento amoroso. Nem todo mundo precisa ou quer um relacionamento de muito tempo, e algumas pessoas buscam constantemente ampliar a gama de contatos sociais. Mas o casal é, geralmente, a relação adulta fundamental. As pessoas precisam gastar muita energia para manter seus relacionamentos amorosos. Muita gente que não está vivendo no momento esse tipo de relacionamento investe uma quantidade equivalente de energia para encontrá-lo.
Se você é uma delas, seria bom encontrar a relação certa para evitar a devastação causada no término dos relacionamentos. A filosofia chinesa ensina que os fins estão contidos nos começos; uma tempestade violenta prepara-se rapidamente, mas não dura. Tanto a filosofia cristã quanto a hindu ensinam que plantamos o que colhemos. Cuidar desde o início de um relacionamento potencial a dois para torná-lo sólido e eficaz, pode ser de grande importância para assegurar um resultado mutuamente satisfatório durante um longo período. Quer o fim definitivo de uma relação seja a morte, o divórcio ou uma das inúmeras outras possibilidades, as sementes são plantadas no começo. Proceder conscientemente, apesar do turbilhão de emoções que acompanha cada novo relacionamento, não garantirá um desenrolar tranquilo__todos os relacionamentos têm seus baques e vazios__, mas lhe oferecerá o melhor desfecho para o seu investimento.
Encontrar um parceiro de vida em uma sociedade tecnológica avançada é mais difícil do que em uma aldeia primitiva, onde, pelo menos, todos se conheciam e a esposa era escolhida entre as poucas pessoas disponíveis. Isso não produzia necessariamente finais felizes, é claro, mas a intimidade desse tipo de comunidade proporcionava apoio àqueles que não se casavam ou não gostavam do casamento que tinham feito. Agora nossos horizontes são muito menos limitados, mas a compensação é uma perda de comunidade e um desgaste da rede de apoio social que liga grupos de pessoas.
Marshall MacLuhan foi o primeiro a escrever sobre a "aldeia global", na década de 60. Desde então, o mundo tem diminuído e se interligado cada vez mais , com a internet, a viagem aérea barata e extensa, o desarraigamento e a globalização aproximando as pessoas de todo o mundo. MacLuhan falava somente do espaço físico, não do espaço cibernético, e não pôde prever os efeitos sociais da globalização. Com tantas interações humanas intermediadas hoje por algum tipo de interface tecnológica, seja um computador ou um telefone, o contato entre as pessoas perde a intimidade necessária para gerar relações individuais e, em consequência, comunidades.
O filósofo francês Henri Bergson alertou, prudentemente, sobre a mecanização do espírito que pode resultar do progresso tecnológico e como isso pode obstruir o nosso desenvolvimento como seres sociais.

"Se a felicidade consiste na atividade virtuosa, deve ser a atividade da virtude superior, ou, em outras palavras, da melhor parte da nossa natureza. (...) Concluímos, então, que a felicidade vai até onde o poder do pensamento vai, e que quanto maior o poder de pensamento de uma pessoa, maior será sua felicidade; não como algo acidental, mas em virtude do seu pensamento, pois esse é nobre em si mesmo. Portanto, a felicidade deve ser uma forma de contemplação."
__ Aristóteles

“A natureza queria que não precisássemos de nenhum grande equipamento para sermos felizes; cada um de nós é capaz de fazer a sua própria felicidade. As coisas externas não têm muita importância...Tudo que é melhor para um homem está além do poder de outros homens.”

__ Sêneca

Lou Marinoff, Ph.D, é diretor executivo da American Society for Philosophy, Counseling and Psychotherapy, professor de filosofia no City College de Nova York. Presidente da American Philosophical Practitioners Association.Autor do Livro: Mais Platão, Menos Prozac.
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847

segunda-feira, 28 de março de 2011

DISPERSÃO MENTAL


Dispersão mental causa infelicidade, aponta pesquisa.

Psicólogos avaliam estado emocional de voluntários
com um aplicativo de iPhone.

Da France Presse

Um estudo divulgado nos Estados Unidos, sugere que as pessoas gastam quase metade do tempo imaginando que gostariam de estar em algum outro lugar ou fazendo outra coisa, e essa dispersão da mente as torna infelizes.
"A mente humana é uma mente dispersa e uma mente dispersa é uma mente infeliz", escrevem os psicólogos Matthew Killingsworth e Daniel Gilbert, da Universidade de Harvard, na "Science".
"A habilidade de pensar sobre o que não está acontecendo é uma conquista cognitiva, mas tem um custo emocional", dizem.
A pesquisa acompanhou 2.250 pessoas por meio de seus iPhones. Um aplicativo foi instalado para perguntar aos voluntários seu nível de felicidade, o que estavam fazendo, se estavam pensando sobre aquela atividade ou sobre qualquer outra coisa--e, nesse caso, se o pensamento era agradável, neutro ou desagradável.
Quando os resultados foram computados, os cientistas constataram que a mente das pessoas estava dispersa 46,9% do tempo.
Os voluntários se disseram mais felizes quando faziam sexo, se exercitavam ou conversavam. Por outro lado, descreveram maior infelicidade quando usavam o computador em casa, descansavam ou trabalhavam.
Ao examinar as respostas dos voluntários quando suas mentes divagavam, os psicólogos concluíram que só "4,6% da felicidade das pessoas" estão ligados à atividades que estão desempenhando, ao mesmo tempo em que os devaneios correspondem a 10,8% da felicidade.
O estudo indica que a mente dispersa dos voluntários é a causa e não a consequência de sua infelicidade.
Os voluntários tinham mais foco no presente durante o sexo, segundo a pesquisa. Durante outras atividades, as mentes divagavam pelo menos 30% do tempo.
"Nossa vida mental é permeada, em um nível significativo, pelo não presente", disseram os pesquisadores.
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
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terça-feira, 8 de março de 2011

Desejos de Mulher



por Cláudia Piasecki

O que realmente uma mulher deseja?
O que realmente faz uma mulher, ser realizada e feliz?
A mulher é um ser sublime, cantado em versos e músicas.
Mulheres podem ser meninas, mães, musas, malvadas, mal vistas, maduras; mulher é tentação, ou, apenas mulher...
Desejo de mulher é vida, é viver cada minuto, cada instante, cada conquista, cada surpresa, cada suspiro.
Mulher não é complicada não, desculpem-me os desavisados!
Não tentem decifrá-la; mulher é para sentir, não é para entender.
A simplicidade da mulher está estampada no seu desejo. Desejo de amor!
A mulher é amor, a mulher quer amar!
Não importa se tem 20, 30, 50...
A mulher quer ser reconhecida pelo que faz, pelo que é, não pelo que tem!
A mulher ama a vida. Faz tudo com paixão, perfeição!
Mulher é feita de sensibilidade, de gestos suaves, afeto, afeição.
TPM...tudo pode mudar!
Esse é o segredo!
A mulher se transforma, se molda, se modifica. Evolui com o tempo, não fica parada, estagnada. Busca sentimentos nobres, oferece o que tem de melhor aos outros, se doa.
Desejo de mulher é poder viver sua história, percorrer sua trajetória.
Ser olhada, admirada, conquistar e ser conquistada.
Mulher é o sexo frágil, mas o gênero forte!
Não foge, e luta!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ESTRESSE

por Cláudia Piasecki

O estresse está presente no nosso dia a dia. Geralmente com uma conotação negativa.
Quem nunca disse, ou, ouviu alguém dizer: "Hoje estou muito estressado"; "Meu chefe me estressa"; "O trânsito está muito estressante"; "Meu filhos me estressam"; "A falta de dinheiro me estressa".
O estilo de vida que levamos hoje em dia, realmente é bastante dinâmico, tudo acontece muito rápido, precisamos dar respostas rápidas no trabalho, na família, etc. Somos exigidos o tempo todo, e também exigimos de nós mesmos resultados rápidos, eficazes, com quase 100% de acertos.
Com o advento da tecnologia, que nos prometia mais eficiência, agilidade e por consequência mais tempo para o descanso, para o ócio, para o lazer, percebemos que tais "parafernálias tecnológicas", computador, telefone celular, IPhone, IPad, etc e etc, trouxeram ainda mais complicação para nossa rotina. Estamos o tempo todo conectados verificando mensagens SMS que "pingam" o tempo todo, e-mails, ligações perdidas, notícias de última hora, blogs de assuntos variados, enfim. Nos dá a impressão que se não estamos on-line, estamos desplugados do mundo globalizado.
Não nos permitimos sequer passar férias tranquilas curtindo a família e o ócio sem carregarmos nossos celulares com internet e bluetooth.
Difícil não ficar estressado com tudo isso!!
Quem sofre as consequências desse estresse negativo, somos nós, e principalmente o nosso corpo.
A tensão acumulada do dia a dia produz dores no corpo, dores musculares, dores de cabeça, perda de energia física. As respostas químicas e fisiológicas do nosso organismo ficam deficientes.
O estresse é caracterizado por aumento de compromisso. Produz sentimento de urgência, pânico, fobias e ansiedade, as emoções se tornam reativas.
Temos a impressão que estamos sempre correndo numa aceleração máxima, como se ficar sem fazer nada, fosse quase um pecado. Necessitamos de estímulos o tempo todo. Mas para onde vamos com toda essa pressa? Por que tanta urgência?
Infelizmente vivemos num sistema que reforça o estresse no sujeito.
Mas o estresse não é apenas negativo como pensamos.
O estresse pode ser positivo quando nos motiva a fazer algo. Por exemplo: Uma nova carreira; Uma viagem; relacionamento; um curso, etc.
Para que não sofrâmos com o estresse a ponto de adoecermos, é necessário equilíbrio nas atividades diárias.
É interessante manter uma rotina, ter uma alimentação balanceada, se possível fazer exercícios físicos regularmente, pois liberam serotonina, que é um hormônio que dá a sensação de prazer e tranquilidade. Dormir pelo menos seis horas por noite (sem levar lap-tops e celulares como companhia para a cama...). Sair com antecedência de casa para não se preocupar com eventuais atrasos. Procurar diminuir a tensão do dia a dia em atividades lúdicas com a família e amigos. Investir nas relações afetivas também é um ponto importante e compensador, pois o carinho, o afeto, o toque, trazem sensação de segurança e proteção.
Ter um momento de paz, relaxar, meditar, refletir, é bastante significativo, pois nos coloca num eixo equilibrado para podermos enfrentar as situações que surgem diariamente, sejam elas boas ou não.
Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Nem tudo se pode ver,ouvir ou dizer.



Betty Milan, psicanalista

Um músico me escreve contando que pertence a uma grande orquestra, mas não tem prazer no trabalho por causa dos colegas. Não suporta o despotismo, a vaidade, a prepotência, a arrogância e a mania de grandeza de alguns. O convívio com "egos inflados" é demasiadamente penoso, e ele me pergunta o que fazer.
Eu, que sempre faço a apologia do ato generoso da escuta, sugiro ao músico que faça ouvidos moucos. Lembro que ele tem o privilégio de escutar os sons mais sutis e sabe ouvir o silêncio. Não precisa dar ouvidos ao que não interessa. Inclusive porque egos inflados estão em toda parte e a luta contra eles não leva a nada. Evitar a luta de prestígio é um bem que nós fazemos a nós e aos outros.
Para viver, nem tudo nós podemos ver, escutar ou dizer. Isso é representado, desde a Antiguidade, pelos três macacos da sabedoria. Cada um cobre uma parte diferente do rosto com as mãos. O primeiro cobre os olhos, o segundo as orelhas e o terceiro a boca. A representação é originária da China. Foi introduzida no Japão, no século VIII, por um monge budista. A máxima que ela implica é "não ver, não ouvir e não dizer nada de mau". Foi adotada por Gandhi, que levava sempre consigo os três macaquinhos, o cego, o surdo e o mudo---Mizaru, Kikazaru e Iwazaru.
Eles ensinam a não enxergar tudo o que vemos, não escutar tudo o que ouvimos e não dizer tudo que sabemos. Noutras palavras, ensinam a selecionar e a conter-se. Isso é decisivo para uma atitude construtiva, mas não é fácil. Somos impelidos a focalizar o que nos prejudica---impelidos por um gozo masoquista ao qual temos de nos opor continuamente. Só a consciência disso permite não sair do caminho em que a vida desabrocha.
Seleção e contenção tornam a existência mais fácil. Desde que não sejam um efeito da repressão, como na educação tradicional, e sim do desejo do sujeito---um desejo vital de se opor às forças do inconsciente que podem nos fazer mal. Isso implica a humildade de aceitar que o inconsciente existe e nós não somos donos de nós mesmos.
A ideia não é nova. Data da descoberta da psicanálise por Freud, no fim do século XIX, mas continua a ser ignorada porque é difícil nos livrarmos do ego. Sobretudo numa sociedade como a nossa, que tanto valoriza, e que não condena a vaidade, a prepotência e a arrogância. Pelo contrário, estimula-as para se perpetuar.
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847

SEPARAÇÃO


O divórcio é tão natural que, em muitas casas, dorme todas as noites entre dois cônjuges.
Chamfort

Eu e meu parceiro estamos passando por mais uma crise ou é o fim definitivo do nosso casamento? Como saber se nossa união acabou ou pode prosseguir de uma nova maneira, ser reinventada. Questões difíceis de serem respondidas, mas não impossíveis...
A crise acontece muitas vezes independentemente da vontade humana. Ela é irmã da impermanência.
As crises são portanto, como mortes dentro da vida. Embora muitas vezes dolorosas, se nos negarmos a vivenciá-la, corremos o risco de parar o nosso processo de individuação, e prosseguimos "anestesiados", levando vidas parciais, convencionais e "sem alma".
Para se julgar se um relacionamento acabou ou não é necessário levar em conta, um aspecto racional e outro intuitivo. Pode-se pesar na balança racionalmente os prós e os contras de se continuar vivendo uma relação amorosa. Mas também se sabe quando o relacionamento terminou quando não se ama mais uma pessoa.
Uma visão excessivamente romântica do casamento também pode ser a causa de muitas separações. Muitas pessoas são levadas, principalmente por causa da criação que receberam de seus pais, na escola, e das outras influências que tiveram de seu entorno cultural e religioso.
Um casamento pode acabar porque foi se desgastando lentamente com o passar do tempo, apesar dos parceiros se gostarem. O abandono da relação também é uma das causas do fim de muitos casamentos. Cumprem as "obrigações" do casamento, mas fazem da casa um hotel, um lugar apenas para dormir.
É comum pessoas convencionais permanecerem morando juntas, sem separar-se oficialmente...Afinal, que diferença faz separar-se se o casamento nunca existiu mesmo?
Contudo, se queremos viver um relacionamento DE VERDADE, insisto: é necessário que se discuta a relação e se enfrentem as crises, logo que se apresentem, mesmo as mais "cabeludas".
CASAMENTOS APARENTES:
Muitas pessoas resistem a ideia de separar-se oficialmente do cônjuge por vários motivos (que não raro, são, na verdade, desculpas). Existem pessoas que tem medo da solidão, outras dependem financeiramente do cônjuge,outros para que os filhos não sofram.
Geralmente algumas pessoas são dependentes de outra, seja um marido, filho, pai ou mãe, porque projetam neles instâncias que não conseguem, ou não querem desenvolver em si mesmas.
Em uma relação verdadeiramente saudável, o outro deve ser a luz que ilumina minha vida, mas jamais ser os meus olhos. É muito bom e enriquecedor estar com alguém que amplie meus horizontes de vida, mas não queira viver a minha vida por mim!!!
OS HOMENS RESISTEM MAIS À SEPARAÇÃO. POR QUÊ?
Não há como negar: mais mulheres que homens tomam a decisão de se separar. Em geral, os homens ficam em um casamento, independentemente de este estar bom, estável ou até mesmo ruim.
Muitos homens são criados para que se sintam frágeis diante da falta de uma mãe ou mulher. Sequer são ensinados a cuidar-se em um sentido mais objetivo. No casamento, esses homens buscam a continuidade do lar que tiveram. Eles mantêm um vínculo simbiôntico, maternal com suas esposas e dependem dessa pseudo-estabilidade que elas podem lhes dar, como suas mães haviam feito. Essa é a repetição de um papel infantil. Um homem que tenha esse perfil faz do casamento o seu ninho protetor, a sua estabilidade emocional. E, em nome dessa "segurança", ele tolera uma mulher que não ama mais e, para conseguir suportar esse estado de infelicidade crônica, encontra "válvulas de escape" como relações paralelas, sejam estas amorosas ou de amizade; praticar esportes com muita frequência; trabalhar muito...
Existem mulheres que são criadas como estes homens para ser sempre filhas. Entretanto na cultura patriarcal em que vivemos, estimula-se mesmo que indiretamente que a mulher tenha a capacidade de se cuidar psíquica e objetivamente.
A mulher separada "se vira" muito melhor do que o homem em sua nova vida.
Como estes momentos são vividos e o que se aprende com eles "fazem a diferença" na vida de uma pessoa. Ela pode optar por encarar a crise como uma chance de crescer, amadurecer, transformar-se (pois, como dizia Nietzsche: "O que não me mata, me fortalece"), ou como um "castigo da vida" e uma desculpa para se acomodar e não mais lutar pelo que quer.
Texto extraído do Livro: Casamento missão quase impossível.
de Eduardo Ferreira-Santos
Editora Claridade
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847



segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Faça de 2011 um ano melhor...




Por Cláudia Piasecki
Adeus ano velho... feliz ano novo!
O início de um novo ano é sempre tempo para refletir sobre o que já foi, e aquilo que virá. É tempo de renovar, de fazer novos planos, de colocar em prática aquilo que não conseguimos no ano que passou, talvez por falta de tempo, ou quem sabe falta de dinheiro, ou por preguiça, falta de motivação, falta de parcerias.
É tempo de ousar! Tempo de mudança!
Mudar o visual, perder aqueles quilinhos a mais, fazer aquela viagem sonhada, começar a se exercitar, mudar de emprego, mudar de casa, mudar de ares...vai depender da sua necessidade!
É preciso ter coragem! Conte com as pessoas que você ama e que te amam.
Os verdadeiros valores são aqueles que estão atrelados ao puro sentimento de amor, companheirismo, respeito, reciprocidade, afeição.
Ninguém vive sozinho! Devemos valorizar os gestos de carinho, afeto e cuidado que as pessoas que estão próximas nos oferecem. Esses gestos nos enriquecem e nos dão força para os momentos difíceis, onde os acontecimentos se tornam pesados, e fica penoso caminhar sozinho. Porque sabendo que temos com quem contar num momento de adversidade, nos sentimos mais seguros e menos solitários. Seja um familiar, seja um amigo, namorado, o marido, a esposa, um colega do trabalho, amigo da faculdade, um vizinho.
As adversidades vem sem que nos demos conta. Pode ser a perda do emprego, a perda de um ente querido, doença. Nem sempre estamos preparados para lidar com essas coisas. Vivemos como se fôssemos imortais, nada nos atinge...sempre deixamos as coisas para amanhã...aquela visita que prometemos a alguém querido, passear com os filhos, projetos em família, novos empreendimentos. Deixamos muitas coisas que realmente são importantes de lado, e damos prioridade apenas ao material, efêmero, passageiro. Não nos permitimos viver as coisas elementares da vida, que são boas, que talvez sejam tão simples, mas que nos proporcionam tanto prazer. Deixamos nossos desejos de lado, para correr atrás de algo que nem sempre dá frutos.
Não enxergamos as pessoas desprovidos de um olhar crítico, analítico, por vezes debochamos ou invejamos. Cada pessoa tem sua história, sua trajetória, que deve ser respeitada. Só podemos mudar a nossa trajetória... e queremos ser respeitados nas escolhas que fazemos, e perdoados dos erros que cometemos! Então, por que não ter mais empatia pelo próximo?
Exercitar o altruísmo e a generosidade, só nos faz bem. E exercita- los o ano todo, não só em datas especiais, mas diariamente.
O ano novo promete muitas coisas boas!
Mas a realização de cada uma delas depende apenas de uma pessoa...você!
Feliz Ano de 2011!
Que você faça seus sonhos se realizarem!
Muita saúde, amor, paz, sucesso.

“O que se leva dessa vida,
é a vida que se leva.”

Cláudia Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847
Afiliada Rafcal-Reorganização Afeto-Cognitiva do Comportamento Alimentar
www.psicobela.com.br
3243-0156 / 9229-7662