segunda-feira, 23 de maio de 2011

Buscando um relacionamento




por Lou Marinoff



"E, no entanto, se todos os desejos fossem satisfeitos logo que despertados, como os homens ocupariam a vida, como passariam o tempo? Imaginem essa corrida transportada para uma Utopia em que tudo crescesse por sua própria vontade e os perus assados passassem de um lado para o outro, onde os amantes se encontrassem sem demora e se mantivessem juntos sem dificuldades: em um lugar assim, alguns homens morreriam de tédio ou se enforcariam, alguns brigariam e matariam uns aos outros, e, portanto, criariam mais sofrimento para si mesmos do que a natureza lhes inflige assim como é."
__ Arthur Schopenhauer


"Para viver só, ou se é um animal ou um deus."
__ Friedrich Nietzsche

Embora todos os tipos de relações__com a família, amigos, vizinhos e colegas__satisfaçam em parte a intransigente necessidade humana de contato social, esta necessidade se revela mais comumente na busca de um relacionamento amoroso. Nem todo mundo precisa ou quer um relacionamento de muito tempo, e algumas pessoas buscam constantemente ampliar a gama de contatos sociais. Mas o casal é, geralmente, a relação adulta fundamental. As pessoas precisam gastar muita energia para manter seus relacionamentos amorosos. Muita gente que não está vivendo no momento esse tipo de relacionamento investe uma quantidade equivalente de energia para encontrá-lo.
Se você é uma delas, seria bom encontrar a relação certa para evitar a devastação causada no término dos relacionamentos. A filosofia chinesa ensina que os fins estão contidos nos começos; uma tempestade violenta prepara-se rapidamente, mas não dura. Tanto a filosofia cristã quanto a hindu ensinam que plantamos o que colhemos. Cuidar desde o início de um relacionamento potencial a dois para torná-lo sólido e eficaz, pode ser de grande importância para assegurar um resultado mutuamente satisfatório durante um longo período. Quer o fim definitivo de uma relação seja a morte, o divórcio ou uma das inúmeras outras possibilidades, as sementes são plantadas no começo. Proceder conscientemente, apesar do turbilhão de emoções que acompanha cada novo relacionamento, não garantirá um desenrolar tranquilo__todos os relacionamentos têm seus baques e vazios__, mas lhe oferecerá o melhor desfecho para o seu investimento.
Encontrar um parceiro de vida em uma sociedade tecnológica avançada é mais difícil do que em uma aldeia primitiva, onde, pelo menos, todos se conheciam e a esposa era escolhida entre as poucas pessoas disponíveis. Isso não produzia necessariamente finais felizes, é claro, mas a intimidade desse tipo de comunidade proporcionava apoio àqueles que não se casavam ou não gostavam do casamento que tinham feito. Agora nossos horizontes são muito menos limitados, mas a compensação é uma perda de comunidade e um desgaste da rede de apoio social que liga grupos de pessoas.
Marshall MacLuhan foi o primeiro a escrever sobre a "aldeia global", na década de 60. Desde então, o mundo tem diminuído e se interligado cada vez mais , com a internet, a viagem aérea barata e extensa, o desarraigamento e a globalização aproximando as pessoas de todo o mundo. MacLuhan falava somente do espaço físico, não do espaço cibernético, e não pôde prever os efeitos sociais da globalização. Com tantas interações humanas intermediadas hoje por algum tipo de interface tecnológica, seja um computador ou um telefone, o contato entre as pessoas perde a intimidade necessária para gerar relações individuais e, em consequência, comunidades.
O filósofo francês Henri Bergson alertou, prudentemente, sobre a mecanização do espírito que pode resultar do progresso tecnológico e como isso pode obstruir o nosso desenvolvimento como seres sociais.

"Se a felicidade consiste na atividade virtuosa, deve ser a atividade da virtude superior, ou, em outras palavras, da melhor parte da nossa natureza. (...) Concluímos, então, que a felicidade vai até onde o poder do pensamento vai, e que quanto maior o poder de pensamento de uma pessoa, maior será sua felicidade; não como algo acidental, mas em virtude do seu pensamento, pois esse é nobre em si mesmo. Portanto, a felicidade deve ser uma forma de contemplação."
__ Aristóteles

“A natureza queria que não precisássemos de nenhum grande equipamento para sermos felizes; cada um de nós é capaz de fazer a sua própria felicidade. As coisas externas não têm muita importância...Tudo que é melhor para um homem está além do poder de outros homens.”

__ Sêneca

Lou Marinoff, Ph.D, é diretor executivo da American Society for Philosophy, Counseling and Psychotherapy, professor de filosofia no City College de Nova York. Presidente da American Philosophical Practitioners Association.Autor do Livro: Mais Platão, Menos Prozac.
______________________________________________________
Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847