quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia dos namorados



por Cláudia Piasecki

"...cuide bem do seu amor, seja quem for..."
Herbert Viana

Dia 12 de junho...Dia dos Namorados!
Dia em que se comemora o amor...ah o amor...sentimento tão sublime...
Os mais românticos preparam surpresas...um jantar à luz de velas, ou um presente que demonstre o quanto seu amor é grande e significativo.
O romantismo faz par com o amor há muito tempo, e ficou mais evidente na época dos escritores românticos. Eles só criaram suas obras primorosas porque estavam sob o efeito devastador do amor romântico, que por sinal causou muito sofrimento, aliás, amar significava sofrer; amar e não sofrer, não adoecer e quase sucumbir, não era amor verdadeiro.
E a paixão?
A paixão não é amor, é um estado de sofreguidão...pois quando apaixonados temos a impressão que necessitamos da companhia daquela pessoa 24 horas por dia...precisamos dos beijos, do carinho, do afeto, da presença, do ar que o outro respira!!! Sim, porque de outra forma "não sobreviveríamos"...
O amor é a evolução da paixão...quando a paixão acaba, e com ela todo aquele estado eufórico e histérico também, a projeção que nos fazia pensar que aquele ser era perfeito, sob medida, agora dá lugar a realidade, ou seja, começamos aos poucos a nos incomodar com aqueles comportamentos que outrora, achávamos até "engraçadinhos", mas que por vezes acabam destruindo uma relação, que nem chega a evoluir para o amor.
O amor nos permite enxergar os defeitos do outro. Dizem por aí que o amor é cego e burro...eu diria que a paixão é cega. O amor é bem mais "inteligente", o problema é que confundimos amor e paixão.
É claro que o amor muitas vezes nos prega peças...quem já não amou alguém que nunca imaginou que fosse amar? Sabe aquela pessoa da qual até falávamos mal? Que só tinha defeitos? Que nem era tão bacana assim, ou nem tão inteligente, bonito (a), etc, etc...
Pois é, existe um ditado bem antigo que diz: "Quem desdenha quer comprar". Colocamos mil defeitos em alguém, mas há algo que nos fascina naquela pessoa, que nos chama atenção. Basta dar uma chance...quem sabe não nasce um sentimento que pode vir a se transformar em amor...
Costumamos colocar o amor num lugar muito distante, difícil de alcançar, e quando estamos perto parece que ele nos ameaça, nos amedronta.
O amor é lindo...como costumavam dizer os poetas...e eu diria mais, é simples, não precisa ser complicado.
Penso que o que precisa ser ajustado são as expectativas que depositamos numa relação de amor. Colocamos milhões de objeções...se não fosse isso, ou, se não fosse aquilo...seria tão bom...
A grande questão é: NINGUÉM É PERFEITO!!!!!!
Se você ama alguém, aproveite bem esse dia para namorar muito, seja feliz, deixe de lado as pequenas diferenças, e tente "esticar" esse comportamento de pacificação e contentamento o quanto puder!!
Se você ama alguém, mas esse alguém não sabe, de repente chegou o momento de se declarar, pode dar certo. Quem não arrisca, não petisca!
Se você não ama ninguém, não namora ninguém, talvez esteja na hora de repensar alguns conceitos. Quem sabe não seria interessante dar uma chance para alguém que demonstra gostar de você.
Amar é importante e faz muito bem!... mas o amor sofre um grande perigo... o ser humano está demonstrando uma capacidade cada vez menor de amar, ou de se entregar a esse sentimento. Amar faz parte do homem moderno. Talvez sem o apelo exagerado do romantismo, mas no fundo todos querem amar, ter alguém com quem compartilhar momentos a dois, que eu diria, são deliciosos!
Cultivar o amor é preservar a espécie humana!
Cuide bem do seu.

“Chamo de amor uma tortura recíproca.”
Marcel Proust (1867-1922), escritor francês, autor da série de
romances Em Busca do Tempo Perdido.
-------------------------------------------------------------------------------------
Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847

Namorofobia





Parece que uma boa parte da humanidade foi contaminada por uma espécie de alergia à intimidade, um comportamento crescente entre os homens, mas que também é assumido por muitas mulheres. O compromisso, necessário ao estabelecimento do namoro, tem sido encarado como algo ameaçador, chato e para muitos insuportável!
De acordo com pesquisa que venho desenvolvendo no site: www.mudancadehabito.com.br , 50% das pessoas estão em busca de um relacionamento para toda vida, 27% procuram alguém para namorar, 17% estão atrás de belos romances e 6% querem apenas ficar com várias pessoas. Esses dados indicam que a maioria dos entrevistados tem vontade de se envolver em um relacionamento.
Mas existe uma contradição. Os fatos também indicam que, apesar de quererem um namoro, aumenta também o número de pessoas que não o consegue. O desejo é grande, mas a habilidade é pouca.
Durante muito tempo, a ordem era namorar, noivar e casar. E quem não cumprisse esse ritual, estava sujeito à discriminação. Mas agora, com muito mais liberdade, ninguém é obrigado a dar satisfação de sua vida aos outros e por isso mesmo, estar só ou junto de alguém passou a ser uma opção. O sexo tornou-se disponível independente de ter ou não uma relação. Sendo assim, são muitos os homens que não vêem mais a necessidade de ter um relacionamento para satisfazer-se, contentam-se somente com o sexo.
As mulheres tornaram-se mais exigentes e não aceitam ser tratadas de qualquer maneira pelos homens. Elas querem mais do que sempre tiveram nos séculos passados.
O mundo tornou-se mais pragmático e as pessoas descartam o que não "serve", o que não responde aos seus objetivos. É tudo preto no branco. Mas, com esta mente objetiva e o coração "congelado", fica complicado amar. O amor precisa de um tempo para brotar, crescer e florescer. Ele deve ser cultivado com tempo, com paciência, tolerância e profundidade.
Ao classificar as pessoas de acordo com um padrão rígido, você não permite que o próprio encontro evolua. O narcisismo tomou conta de muita gente e não há espaço para o ser real, imperfeito, belo e viável.
Você pode não gostar de uma ou de outra característica da pessoa, mas no seu conjunto ela pode ser importante na sua vida.
Graças a Deus, nem tudo está perdido, pois também tenho encontrado pessoas com mais maturidade, que continuam apostando no amor, sem tanto medo da cumplicidade.
Sérgio Savian
Terapeuta e escritor
www.sergiosavian.com.br


Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847
cmpiasecki@bol.com.br

O amor é lindo, mas dói.




Amar intensamente implica sofrimento intenso, pois "todo o amor vivo é um amor em conflitos". O amor é um sentimento extasiante, mas, como o parto, dói. O poema de Adélia Prado corrobora: "O amor é a coisa mais alegre. O amor é a coisa mais triste. O amor é a coisa que eu mais quero..."
Numa relação a dois, amar não é o único verbo a ser conjugado: eu amo, tu me amas. Passada a fase da paixão que sempre tem data de validade há, outros verbos a serem conjugados: perdoar, tolerar, dialogar, valorizar...
O escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962) se faz oportuno: "Sai sempre ganhando quem sabe amar e perdoar: não quem tudo sabe e tudo julga".
O que compromete uma relação adulta e duradoura é a indiferença, a falta de diálogo e não as discordâncias. A dois, à medida que envelhecemos e amar é desejar envelhecer juntos desfaz-se a paixão, a libido fenece (e para rima, a lei da gravidade prevalece), há de preponderar primordialmente o companheirismo e o diálogo.
O amor por si só não garante uma boa convivência. O grande desafio é a coabitação: o túmulo do amor para aqueles que praticam exercícios de afastamento e momentos de enlevo e crescimento para outros que se propõe à prática dos exercícios de aproximação.
O filósofo e escritor Rubem Alves, com a sabedoria de uma existência vivida intensamente, em uma palestra fez uma pertinente analogia: a relação a dois não deve ser como uma partida de tênis e sim de frescobol. Nesse, cada um com sua raquete lança a bola para que o outro a receba e a devolva da forma mais ajeitada possível. Há sinergia e ambos buscam o equilíbrio. No tênis, ao contrário, prevalece o antagonismo, a competição.
Os parceiros do frescobol praticam a empatia, uma palavra condinzente quando se analisa a sua etimologia grega: en (dentro)+ pathos (sentimentos). Empatia significa: dentro do sentimento do outro.
"Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus" é título de um best seller. Nessa metáfora reside a etiologia das diferenças tanto biológicas (que bom!) quanto psíquicas e são essas que afetam os relacionamentos.
Gosto de aforismos, pois uma ou duas linhas podem conter mais sabedoria que dezenas de páginas de um livro e é por isso que eles sobrevivem aos séculos.
Em meio a tantos, um deles mitiga aquela impotência quando os homens querem mais racionalidade na convivência com a cônjuge: "As mulheres foram feitas para serem amadas e não compreendidas", frase de Oscar Wilde (1854-1900).
Amá-las com gestos e palavras é o segredo. Se quiser compreendê-las, empregue mais utilmente o seu tempo em desvendar os enigmas da esfinge ou o problema da quadratura do círculo ou o último teorema de Fermat!
A distância entre o coração e o cérebro pode ser longa, mas aí cabe a indagação que provém da sabedoria popular: você quer ser feliz ou ter razão?
Jacir Venturi
Autor do livro: Da Sabedoria Clássica à Popular.

Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847
cmpiasecki@bol.com.br