segunda-feira, 13 de junho de 2011

AMOR REAL X AMOR VIRTUAL



por Cláudia Piasecki

"Quero um amor maior, amor maior que eu..."
J. Quest


O tempo passa, mudanças imensas se dão na cultura, no comportamento humano, mas tem algo que não passa e que nunca cai em desuso (espero que nunca caia...) , o amor.
Claro, que a maneira como as pessoas amam e como elas buscam o amor mudou.
As redes sociais são hoje grandes aliadas na conquista de relacionamentos, seja na busca de amizades ou de um possível namoro.
A internet é uma grande ferramenta de comunicação para nós, seres pós-modernos.
Lembro da época que a única maneira de comunicação, fora a velha conhecida cara-a-cara, era o telefone. Ficávamos horas ao telefone com os amigos, em conversas intermináveis. E o namoro pelo telefone então? Durava horas e horas...a conta no final do mês era do tamanho do amor e da eloquência do casal...
Bem, hoje tudo isso mudou, sim usamos muito o telefone ainda, certamente muito mais o celular do que o nosso velho amigo telefone fixo.
Mas o que realmente mudou nas relações humanas com o advento das redes sociais, MSN, Skype?
A grande mudança é que podemos nos comunicar com pessoas do mundo inteiro à distância, podemos ver imagens em tempo real pela webcam. As redes socias possibilitam a manutenção de amizades que já existiam no âmbito social real, e nos dão a chance de conhecermos inúmeras pessoas, amigos de amigos, que vamos adicionando. A grande questão é que na verdade não conhecemos pessoalmente a grande maioria das pessoas que são nossos amigos nas redes sociais, segundo Martha Gabriel, consultora de mídias socias, atualmente é possível que nos relacionemos com 150 pessoas. Podemos ter mais de mil amigos virtuais, mas pessoas que realmente conhecemos e com quem temos frequentes trocas virtuais são apenas 150 (em média).
E as relações amorosas. O que mudou?
Muitos relacionamentos amorosos tiveram início através das redes sociais, muitos casamentos aconteceram graças a tecnologia. Muitas pessoas, que são muito tímidas na vida real, se deram bem no contato virtual. São novos tempos...e com certeza a tecnologia entrou com tudo em nossas vidas, causando grande transformação.
Penso que o ser humano está num período de grande desenvolvimento. O contato via internet, redes sociais é irreversível.
Outra novidade no campo relacional, são os sites de namoro. As pessoas se inscrevem nesses sites, e sonham com a possibilidade de conhecer alguém legal, compatível com o seu desejo, alguém para amar.
Mas não se enganem...as pessoas não são melhores nem piores por estarem "protegidas" pela magia da comunicação virtual. Muitas vezes a porção ingênua e sonhadora das pessoas se exacerba na comunicação virtual, tem-se a impressão que todas as pessoas são boas, legais, lindas, de ótimo caráter, felizes, bem sucedidas, fiéis, etc.
Existem casos onde as pessoas estão deixando de investir em relações reais para se dedicar às relações virtuais. Homens e mulheres vivendo uma ilusão, um sonho. Claro que a realidade muitas vezes traz frustrações, sofrimento, temos receio de não sermos aceitos; aí vem a falsa impressão que no contexto virtual isso não acontece. Mas quando chega a hora de conhecer pessoalmente aquela garota, ou aquele rapaz com quem você está se comunicando a um bom tempo virtualmente? Será que ele (a) é tudo aquilo que você imaginou? Então, bate a dúvida: será que eu devo mesmo conhecer esta pessoa? A probabilidade de se decepcionar é bastante grande, pois certamente projetamos qualidades, que talvez essa pessoa não possua. Totalmente diferente do contato real. Você poder olhar nos olhos da pessoa, sentir seu cheiro, o toque, a voz, enfim. Não existe comparação. Podemos usar e abusar da comunicação virtual como forma de comunicação complementar, mas a relação real, com pessoas reais é muito mais gratificante, verdadeira e satisfatória.
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Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847
9856-8944
3243-0156 consultório

Para durar, o amor deve ser um constante exercício de conquista



por Alberto Lima
psicoterapeuta junguiano



Enganam-se as pessoas que pensam que o casamento é hora de sossegar, que a sedimentação da relação garante, por si só, a sua sobrevivência. Se não for cultivado diariamente, com pequenos e também grandes gestos de atenção, o relacionamento se acomoda, o sexo esfria, o entusiasmo vai embora. A disposição para o cuidado com o outro é que mantém a chama acesa.



Tudo começa movido pelo elemento fogo: é paixão! Arrebatadora! Corações em brasa, corpos ardentes, disponibilidade total, olhares enamorados, admiração mútua...
Uma beleza! Ele e ela foram bem-sucedidos na conquista e entendem que o amor se instalou inexoravelmente. Casam-se, então, e, no momento em que firmam esse compromisso, tornam-se irremediavelmente "felizes para sempre"!
Com o passar do tempo, o fogo abranda e o gráfico da paixão ameaça raspar na base do papel. O entusiasmo arrefece, o envolvimento se afrouxa, o olhar já não pousa sobre os olhos do outro. Os beijos já não são ardentes e dão lugar a protocolares bicotas. O sexo deixa de ser tão frequente, parece não suscitar o mesmo élan.
E a motivação para os programas a dois diminui.
A vida é assim, certo?
Errado. E o erro está em acreditar que a manutenção de um casamento__e do fogo, claro__seja algo automático, que deveria decorrer naturalmente do simples fato de a relação ter-se sedimentado.
Uma relação amorosa é um grande desafio. O jogo começa quando se pensa que terminou (com a efetivação da união).
Não se sustentará, a menos que seja vivido como um constante exercício de conquista.
Amor é labor. E há de ser assim, ou perecerá.
Nada na vida funciona bem, a menos que se renove. O banho precisa ser tomado com cuidado todos os dias. O alimento precisa ser preparado novamente, com o mesmo capricho. O filho precisa ser levado a dormir e deverá ouvir um conto de fadas, de novo e de novo, todos os dias, ou não se estruturará como sujeito íntegro, com fé na vida e capaz de, a exemplo dos pais, saber renová-la a cada dia, em todos os instantes de seu futuro.
A renovação da conquista é tão importante quanto reafirmar a escolha amorosa.
Nenhuma dessas duas coisas se pode pressupor como automaticamente presente, ou natural em uma relação. Para que uma casa fique firme, é preciso construir as paredes, tijolo por tijolo, instalar o telhado, telha por telha, cuidar do acabamento e, finalmente, não deixar de lado a manutenção. Se a casa da união não recebe a energia cuidadosa de quem a botou no mundo, tende a "adoecer" e pode ruir.
Para conquistar o parceiro, a parceira, tudo de que se necessita é disposição pessoal para o cuidado. Regar a planta, remover as ervas daninhas, nutrir. A saladinha de alface com tomate de todos os dias pode ser enfeitada com estrelas de carambola, ou com iscas de pêssego. Pode ser servida em travessas diferentes, com alguma arte. Ele__ou ela__perceberá o cuidado, experimentará gratidão e verá renovar-se no peito o bem querer.
Quando chegar em casa à noite e for tomar o seu banho, ele pode fazer a barba uma vez mais; ela apreciará o gesto.
Ela pode escolher a roupa que vai vestir, em lugar de aproveitar aquela camisetinha básica "que nem estava cheirando a usada"; ele saberá.
Quando um percebe que foi considerado pelo outro__e geralmente o significado disso está em que um cuidado foi tomado e um tempo de dedicação foi empregado__, isso é o que basta para que se renove o sentimento de bom gosto na escolha de parceria! "Ah, como é bom meu amor importar-se comigo e tratar bem de mim". A chama amorosa se renova e dá sustentação à continuidade e ao crescimento do vínculo e do prazer de vivê-lo.

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