quinta-feira, 10 de junho de 2010

O amor é lindo, mas dói.




Amar intensamente implica sofrimento intenso, pois "todo o amor vivo é um amor em conflitos". O amor é um sentimento extasiante, mas, como o parto, dói. O poema de Adélia Prado corrobora: "O amor é a coisa mais alegre. O amor é a coisa mais triste. O amor é a coisa que eu mais quero..."
Numa relação a dois, amar não é o único verbo a ser conjugado: eu amo, tu me amas. Passada a fase da paixão que sempre tem data de validade há, outros verbos a serem conjugados: perdoar, tolerar, dialogar, valorizar...
O escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962) se faz oportuno: "Sai sempre ganhando quem sabe amar e perdoar: não quem tudo sabe e tudo julga".
O que compromete uma relação adulta e duradoura é a indiferença, a falta de diálogo e não as discordâncias. A dois, à medida que envelhecemos e amar é desejar envelhecer juntos desfaz-se a paixão, a libido fenece (e para rima, a lei da gravidade prevalece), há de preponderar primordialmente o companheirismo e o diálogo.
O amor por si só não garante uma boa convivência. O grande desafio é a coabitação: o túmulo do amor para aqueles que praticam exercícios de afastamento e momentos de enlevo e crescimento para outros que se propõe à prática dos exercícios de aproximação.
O filósofo e escritor Rubem Alves, com a sabedoria de uma existência vivida intensamente, em uma palestra fez uma pertinente analogia: a relação a dois não deve ser como uma partida de tênis e sim de frescobol. Nesse, cada um com sua raquete lança a bola para que o outro a receba e a devolva da forma mais ajeitada possível. Há sinergia e ambos buscam o equilíbrio. No tênis, ao contrário, prevalece o antagonismo, a competição.
Os parceiros do frescobol praticam a empatia, uma palavra condinzente quando se analisa a sua etimologia grega: en (dentro)+ pathos (sentimentos). Empatia significa: dentro do sentimento do outro.
"Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus" é título de um best seller. Nessa metáfora reside a etiologia das diferenças tanto biológicas (que bom!) quanto psíquicas e são essas que afetam os relacionamentos.
Gosto de aforismos, pois uma ou duas linhas podem conter mais sabedoria que dezenas de páginas de um livro e é por isso que eles sobrevivem aos séculos.
Em meio a tantos, um deles mitiga aquela impotência quando os homens querem mais racionalidade na convivência com a cônjuge: "As mulheres foram feitas para serem amadas e não compreendidas", frase de Oscar Wilde (1854-1900).
Amá-las com gestos e palavras é o segredo. Se quiser compreendê-las, empregue mais utilmente o seu tempo em desvendar os enigmas da esfinge ou o problema da quadratura do círculo ou o último teorema de Fermat!
A distância entre o coração e o cérebro pode ser longa, mas aí cabe a indagação que provém da sabedoria popular: você quer ser feliz ou ter razão?
Jacir Venturi
Autor do livro: Da Sabedoria Clássica à Popular.

Cláudia Maria Piasecki
Psicóloga Clínica
CRP 08/10847
cmpiasecki@bol.com.br

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