sexta-feira, 7 de maio de 2010

Eu amo, ele ama...




por Cláudia Piasecki

A forma como nos comportamos nos relacionamentos amorosos está diretamente ligada com a nossa memória afetiva, ou seja, o modelo afetivo que introjetamos durante nossa infância e adolescência. Cada pessoa está impregnada com a maneira de amar que aprendeu na sua família.
Os casais muitas vezes apresentam problemas na comunicação no seu dia-a-dia justamente porque se comportam cada um a sua maneira, com o padrão aprendido de cada um.
Geralmente essas diferenças surgem depois de um certo tempo, muitas vezes após o casamento, quando a projeção diminui, ou desaparece.
A convivência agrava tais diferenças, trazendo uma realidade por vezes nada agradável, ou seja, inicia-se a descoberta (ou a certeza do que já se desconfiava) dos "defeitos" do outro.
Acreditamos que a "nossa" forma de amar, ou aquela que aprendemos, é a melhor forma de demonstrar afeto, sem nos darmos conta da forma de amar do outro, que é bem diferente da nossa. Por vezes não respeitamos essas diferenças e queremos "impor" a nossa maneira de amar; nesse momento inicia-se uma guerra subjetiva, que pode ter consequências danosas ao relacionamento, como por exemplo, a separação do casal.
A expressão, "incompatibilidade de gênios", muito conhecida nossa, pode representar muito bem o que quero dizer, ou seja, diferentes todos somos, mas não respeitamos tais diferenças. Colocamos por vezes, a culpa no gênio "forte" do outro, ou diferente do nosso, sem percebermos que o que realmente nos prejudica é a incompatibilidade afetiva.
Quando nos apaixonamos, não nos damos conta dessas diferenças, e passamos por cima de qualquer obstáculo para permanecermos ao lado do ser amado. Mas com o tempo, e com a intimidade, passamos a notar que o ser amado não é tão perfeito como imaginávamos, e então, o que era irrelevante, torna-se quase que insuportável.
Proponho uma reflexão aos casais: casados, namorados, enamorados...conhecer a si mesmo, ou procurar autoconhecimento antes, durante e depois de qualquer tipo de relacionamento amoroso. Conhecer a si mesmo, suas dificuldades, pontos fortes, até onde vai sua tolerância, paciência, bom senso, melhorar a autoestima, é a melhor forma de iniciar qualquer história de amor, pois ao passo que você se conhece bem, pode ter um olhar diferenciado para o outro, tentando respeitá-lo e amá-lo de uma maneira saudável, abrindo espaço para conhecê-lo bem, vê-lo como ele realmente é (qualidades e defeitos), ouvindo, respeitando, sendo companheiro, e nunca combatendo, destruindo, humilhando; e sem depender afetivamente do companheiro(a), de uma forma obsessiva, como se fosse sucumbir sem a companhia dele. Já ouviu aquela famosa frase? “Sem ele(a) eu morro”!
Para que os relacionamentos sobrevivam, é necessário criar um padrão próprio do casal, o que costumo chamar de "terceiro padrão", que não está atrelado exclusivamente ao padrão da família "dela", e nem exclusivamente a família "dele". O terceiro padrão é aquele que o casal começa a construir no momento em que se conhece, um padrão que vai dar ao relacionamento a "cara" do casal, que vai agregar valores positivos, como: companheirismo, liberdade de expressão, segurança.
O terceiro padrão, visa a união do casal e não segregação. O amor é uma relação interpessoal, estou me relacionando com alguém, e não com alguma "coisa".

Cláudia Maria Piasecki
CRP 08/10847

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