sexta-feira, 7 de maio de 2010

A vida é deles, não é?






Quando nossos filhos tornam-se adultos, amar significa nunca lhes dizer "Bem que eu avisei!", e sim achar um novo modo de relacionar-se com eles. Esse é o conselho de uma mãe que já passou por isso.

Você tenta educar seus filhos para serem independentes, e passa o resto da vida se preocupando enquanto eles exercem a independência deles.
É verdadeira essa informação? Sim e não. Uma certa apreensão é inevitável e razoável-- do tipo da que começa quando nossos filhos atravessam a rua sozinhos pela primeira vez. Mas chega uma hora em que tudo o que temos para oferecer-lhes é uma espécie de rede de proteção à distância.
O que significa isso?
Muitos pais não hesitam em ajudar filhos adultos numa crise, especialmente se acham que eles não tiveram culpa pelo que aconteceu.
Do modo como criamos, não foi mesmo "culpa" deles. Embora tenhamos herdado de nossos pais valores sobre economia e prudência, por exemplo, educamos nossos filhos segundo um credo menos rigoroso.

EXPERIÊNCIA NÃO SE TRANSMITE

Pensamos ser mais próximos de nossos filhos em atitudes, crenças e estilo de vida do que éramos de nossos pais.
Minha filha e eu parecemos contemporâneas de uma maneira que eu e minha mãe nunca fomos. Minha mãe viveu a vida toda com um único homem, e foi exclusivamente esposa e mãe. Eu e minha filha Jenny temos uma carreira. Nossos valores políticos e estilo de vida são bastante semelhantes, apesar dos 26 anos entre nós.
Levei muito tempo para perceber que são justamente esses 26 anos que fazem toda a diferença. Tanto minha filha como eu somos a Nova Mulher, mas ela é mais nova que eu e isso é relevante. Sob os pontos de vista econômico, social, sexual e profissional, o mundo em que Jenny cresceu e onde vive até hoje é diferente do meu, como o meu era diferente do de minha mãe. E quando, como adulta, ela toma decisões sobre carreira, casamento ou saúde, me irrito ao descobrir o quanto é difícil não interferir, sobretudo se acho que são erradas. A distância entre gerações é real. Somente aceitando esse fato é que podemos cruzar a distância que existe entre nós. E entender que eles, bem como nós, vão ter que aprender por experiência própria.
Os filhos de hoje estão se casando mais tarde que nós, divorciando-se mais depressa, gastando mais em bens supérfluos, permanecem mais tempo estudando e concorrendo a empregos numa economia difícil, que os remunera abaixo do valor do mercado. Assim, muitos voltam aos braços maternos. O filho que volta não é o mesmo que saiu. Ele tropeçou no começo da vida adulta, está desiludido e desapontado. Quer ser cuidado. Sabe que já deveria ter rompido os laços com você, mas sente-se autorizado a usar tudo o que é seu, o que deixa brava quando permite e culpada se não permite.
Muitos de nós demos aos filhos não apenas o que eles precisavam, mas o que queriam.
O que o filho adulto que volta para casa precisa é de empatia, encorajamento para desenvolver confiança e respeito pela sua autonomia. E o que nós precisamos enquanto eles estão debaixo do nosso teto? Que entendam que a casa é nossa, não deles, não interfiram na nossa vida e nos comuniquem uma data estimada de partida.

SE ELES DEMORAM PARA ACERTAR

A idade em que se amadurece difere de uma pessoa para outra. Às vezes, a mesma pessoa amadurece rápido numa área e custa a crescer em outra. Sua filha pode ter construído uma ótima relação afetiva, mas demorar a acertar-se num emprego. Seu filho pode ser um excelente cientista, porém mostrar-se incapaz de organizar sua vida financeira ou relacionar-se com uma mulher.
Os jovens vivem uma fase de experimentações, e o que os motiva são dois impulsos antagônicos: o desejo de construir uma estrutura para o futuro e o medo de errar em suas escolhas. Quando não concordamos com suas prioridades ou não permitimos que escolham seu caminho, estamos lhes roubando a chance de moldar suas vidas.
Diz um velho provérbio judeu que "filhos pequenos perturbam nosso sono; filhos grandes, nossa vida". Você só será capaz de deixá-los ir quando amá-los sem condições e quando realmente aceitar que as responsabilidades e direitos deles são iguais aos seus. Do contrário, continuará se preocupando e seu filho continuará sendo uma eterna criança.
Esse tempo já passou. E se você quer uma relação para o resto da vida com a pessoa que ele é, deve abandonar os rótulos e encontrar outra forma de se relacionarem.
por Jane Adams
escritora americana

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