sábado, 16 de março de 2013

O vício da paixão

por Cláudia Piasecki
A paixão quando acontece nos surpreende com uma série de sensações que mal podemos controlar. Queremos estar perto do objeto da nossa paixão o tempo todo, tentamos controlar cada passo; a distância é um suplício, todos os encontros são de trocas intensas. Perde-se a razão, a fome, o sono. Mas, com o tempo tudo volta ao normal. Há, porém quem se vicie na euforia que esse sentimento provoca, como se fosse uma droga. A ciência explica a paixão como um estado mental que faz o cérebro liberar substâncias que transmitem sensação de prazer. Segundo Sigmund Freud, a paixão é uma forma de complementar o que falta em nós mesmos, ou seja, o que denominamos projeção. Projetamos em alguém aquilo que não temos, o objeto da nossa paixão é um ser aparentemente sem nenhum defeito, é aquela pessoa que chegou para nos salvar. Em sua origem semântica, a palavra paixão representa sofrimento pathos, do grego, e passio, do latim, significa suplício, tortura. A paixão se transforma em vício no momento em que a pessoa apaixonada não consegue retornar a normalidade após algum tempo, recobrando a razão, ela vive com intensidade esse sentimento, talvez por fragilidade, ou carência emocional, se tornando dependente da adrenalina da paixão. Segundo o psicólogo americano Albert Wakin esse estado patológico da paixão chama-se limerância. Ex-aluno de Dorothy Tennov--que cunhou o termo no final da década de 70 no livro Love and Limerence: The Experience of Being in Love (Amor e Limerância: A Experiência de Estar Apaixonado, sem edição em português)--, ele diz que a limerância é quando alguém fica preso na paixão. "É um estado quase psicótico, que debilita a razão, aliena. A pessoa não consegue sair dele e esse é o maior problema", diz. "Esse sentimento instável e insaciável provoca, inclusive, sintomas físicos semelhantes aos da síndrome do pânico e da depressão." Na visão da psicóloga Rosely Teixeira Gomes, a limerância é o estado da paixão levado ao extremo. "Não é mais quando você tem o desejo, mas quando o desejo te tem. É ficar escravo, perder o controle", diz ela. Ainda não se sabe o que realmente desencadeia esse estado doentio da paixão, segundo Albert Wakin, não há um padrão de comportamento. "O que sabemos é que uma pessoa pode ser perfeitamente capaz de ter relações saudáveis durante a vida, e, por algum motivo desenvolver a limerância com um parceiro específico", afirma. Wakin coordena estudos do cérebro para determinar se existe alguma alteração neurológica que justifique o comportamento. Para Rosely Gomes, esse desarranjo pode ser um sintoma da nossa insistência em perseguir incansavelmente um sentimento de felicidade que não existe. "Em vez de ficar presa a alguém, a pessoa fica presa à sensação de bem-estar que aquele estado provoca. O apaixonado vive um completo deslumbramento pelo outro e não quer perder essa sensação." Para a psicanalista Betty Milan, autora do livro Quem Ama Escuta, hoje o desejo de compromisso é muito mais presente do que na geração anterior--o que explica parte da pressão para encontrar um parceiro. Segundo a psicanalista, não é verdade que os jovens de hoje trocam de parceiros porque são intolerantes ou imediatistas. "O principal problema é a excessiva idealização do que uma relação representa na vida", diz Betty. As pessoas buscam uma relação dentro do seu ideal de perfeição, e um parceiro que se enquadre nesse ideal, para desta maneira mostrar para os outros que é bem resolvida. Sabemos que não existe relacionamento perfeito, nem pessoas perfeitas, e que o relacionamento por si só não traz garantia de felicidade. É necessário um investimento em vários sistemas da vida para se ter felicidade, pois para uma pessoa que centraliza todas suas expectativas de felicidade numa relação amorosa, quando esta não vai bem, nada fica bem, tudo desmorona. ________________________________________________________________ Cláudia Maria Piasecki Psicóloga Clínica CRP 08/10847

5 comentários:

  1. Obrigado. Acabei de descobrir que estou em limerância.
    Parabéns pelo bom trabalho e que continues a devenvolvê-lo para ajudar os outros. Muita paz!

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  2. Faz 3 anos que estou na limerância. Não sei mais o que fazer, já que tenho uma filha com meu companheiro e eu não durmo mais... Não faço nada com prazer mais. É o mesmo de querer muito uma droga,porém saber que ela te destrói quando voce não a tem o tempo todo.

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  3. So posso dizer estou nessa delicia ai.....Angela

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  4. Uma pessoa ja fincou asim guando agente namoravam e muito louco..porque eu era adolescente, ai ele viu eu beijando outro ai ele aida min quis denovo...mesmo os amigos dele inventando metiras sobre mi ele não mindeixava..ate ele namorar outra menina.. mais mesmo asim aida vivia atras de mi..eu deixei ele ate hoje ele tem odioo de mi eu acho que porque eu fui embora e casei com outro..obs guando eu fui embora agente não tinha mais nada..as vezes o vejo ele mi olhar com uma cara de magoado..mais desejo que ele seja muito feliz.

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  5. Faço analise a um ano e sinto que vivo apaixonada, estou com pavor de estar sentindo isso, esse foi meu dever de casa, por isso cheguei aqui...

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